Perdemos na manhã de hoje (09/04/2020), o querido jornalista Randau Marques. Com 70 anos de idade, faleceu de infarto, em São Paulo. Randau foi um dos mais brilhantes jornalistas brasileiros e um dos primeiros a elevar a questão ambiental à importância que tem nos dias atuais.

Trabalhou no Grupo Estado (Estadão e Jornal da Tarde) por duas décadas e meia, e posteriormente também foi funcionário da CETESB e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, onde foi assessor de imprensa do secretário José Goldemberg. Foi o autor da série de reportagens em que Cubatão ficou conhecida internacionalmente como “Vale da Morte”, denominação que o próprio cunhou, por causa da poluição do ar no Pólo Industrial.

Também foi autor de outras reportagens memoráveis, sempre enfocando grandes causas públicas, como o desmatamento na Amazônia, o genocídio de índios e contra a construção do aeroporto metropolitano (hoje, em Cumbica, em Guarulhos) na reserva de Caucaia do Alto.

Randau foi, ainda, fundador de ONGs importantes e essenciais para a história do ambientalismo brasileiro, como a Oikos, então voltada para o estado de direito e criada em plena época da Ditadura Militar, época em que foi perseguido, preso e torturado.

A despeito de ficar conhecido como grande jornalista ambiental, fazia questão de afirmar que sempre fez um jornalismo científico, tendo sido uma de suas primeiras fontes de informações a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e frisando que as questões ambientais tinham que ser olhadas do ponto de vista mais interdisciplinar possível. Nesse âmbito, foi fundador da Associação Brasileira de Jornalismo Científico.

Amado por alguns, detestado por outros, por causa do seu jeito aguerrido de ser e de ir atrás das informações persistentemente, Randau foi um grande sujeito, amigo, companheiro, apaixonado pelo que fazia, desde os tempos de infância na pequena Icaçaba, no extremo nordeste do Estado de São Paulo. Deixa esposa e três filhos. E muitas saudades!!