Em plena época que se inicia o período mais frio e seco, com condições desfavoráveis à dispersão dos poluentes atmosféricos, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB amplia seus serviços no monitoramento da qualidade do ar.
Desde o último dia 1º de junho, está em funcionamento a mais nova estação manual de Partículas Inaláveis – MP10 – da Companhia, no município de Rio Claro. O equipamento está instalado no pátio da escola João Baptista de Negrão Filho, situada na Rua 6, n° 11, no Jardim Guanabara II.
Rio Claro situa-se na região do Pólo Cerâmico de Santa Gertrudes, com grandes reservas de argila. Porém, conforme a gerente da Agência Ambiental de Piracicaba, Catia Fiano, as faixas de ocorrência dessas reservas estão próximas de zonas de densa ocupação urbana e agrícola, assim como de áreas de proteção ambiental, o que tem gerado, por vezes, uma competição desordenada pelo uso e ocupação do solo. Além disso, as operações da cadeia produtiva do setor cerâmico envolvem a extração, cominuição -fragmentação – e secagem, mistura, transporte e processamento industrial – moagem e prensagem -, das matérias-primas, gerando poeiras finas que são emitidas para a atmosfera.
Cátia explica que, de maneira geral, as características do material particulado em suspensão na atmosfera variam muito em função de sua composição química e física, das fontes de emissão e do tamanho da partícula. Partículas com diâmetro aerodinâmico inferior a 10 µm – micrograma, as denominadas partículas inaláveis – MP10, são de grande importância, já que são suficientemente pequenas para penetrar profundamente no trato respiratório, havendo evidências científicas de que as partículas inaláveis estão associadas a problemas de saúde relacionados, principalmente, aos sistemas respiratório e cardiovascular.
Por isso, a Agência de Piracicaba solicitou o apoio do Setor de Amostragem e Análise do Ar, equipe especializada no monitoramento de qualidade do ar e que fica concentrada na sede da Companhia, em São Paulo, visando o acompanhamento sistemático e avaliação do impacto das fontes de emissão de material particulado, e verificar se as concentrações de MP10 estão atendendo aos padrões legais.
Como explica a gerente do Setor de Amostragem e Análise do Ar, Maria Cristina Neuscheffer de Oliveira, o equipamento selecionado – um amostrador de grande volume, acoplado a um separador inercial de partículas – é utilizado para determinação da concentração de partículas inaláveis. Com relação à seleção do local de amostragem, feita conjuntamente pelos técnicos do seu setor com os da agência Ambiental de Piracicaba, de acordo com Maria Cristina, foram levados em conta os objetivos do monitoramento, além de terem sido observados critérios técnicos e logísticos, como, por exemplo, densidade populacional, localização das fontes de emissão, direção preferencial dos ventos, topografia, presença de obstáculos, segurança e disponibilidade de energia elétrica, entre outros.
Dentre os locais avaliados, o pátio da escola João Baptista de Negrão Filho atendeu aos requisitos para a instalação de uma estação de monitoramento da qualidade do ar, para MP10. Com essa nova estação, conforme Maria Cristina, a CETESB conta agora, no interior, com sete estações da Rede Manual medindo MP10 – Rio Claro, Jaboticabal, Piracicaba, Limeira, Pirassununga, Santa Gertrudes e Ribeirão Preto. E, considerando-se os demais parâmetros medidos rotineiramente na rede manual de monitoramento da qualidade do ar – fumaça, dióxido de enxofre -SO2, partículas totais em suspensão -PTS, partículas inaláveis finas – MP2, 5 e MP10 – , há 14 estações na Região Metropolitana de São Paulo, 26 no Interior e 2 no Litoral. Cada estação mede um ou mais dos parâmetros mencionados.
Cátia Fiano complementa que, uma vez executada a plataforma em estrutura metálica para o abrigo do amostrador, no último dia 27.05, a estação de monitoramento de qualidade do ar foi calibrada, passando a operar semanalmente, a partir de 01.06.
“O feito é considerado um avanço no conhecimento da qualidade do ar da região de Rio Claro, integrando as demais estações de monitoramento existentes”, finaliza Cátia.
Texto:Mário Senaga