A publicação editada pelo Setor de Comunidades Aquáticas (ELHC) da CETESB, intitulada “Protocolo para o Biomonitoramento com as Comunidades Bentônicas de Rios e Reservatórios do Estado de São Paulo” descreve desde o planejamento até os métodos de amostragem e análise das comunidades bentônicas, bem como os critérios para sua utilização em redes de monitoramento da qualidade de águas e de sedimentos de rios e reservatórios. Ela também orienta o emprego dessas comunidades em processos de licenciamento ambiental e aponta as espécies da biota mencionadas nas listas de fauna ameaçada de extinção e aquelas consideradas exóticas invasoras.

As comunidades bentônicas (também chamadas de bentos ou zoobentos) são formadas por animais invertebrados com tamanho que varia de 0,2 mm a 20 cm (macroinvertebrados), que colonizam os substratos de fundo de ambientes aquáticos. Por viverem sob condições mais restritivas e refletirem a qualidade destes ecossistemas, são empregadas como indicadores biológicos em todo o mundo, sendo sensíveis às alterações promovidas por impactos químicos (como efluentes industriais e domésticos), físicos (como o desmatamento) e biológicos (como a bioinvasão).

Na CETESB, estas comunidades têm sido utilizadas no diagnóstico da qualidade ambiental de recursos hídricos do Estado de São Paulo desde sua fundação, no início da década de 1970. Ao longo do tempo, foram realizados estudos envolvendo as comunidades bentônicas para o diagnóstico de ambientes críticos, para o desenvolvimento metodológico e, desde 2002, estas comunidades integram o conjunto de variáveis da rede de monitoramento. O conhecimento adquirido em todos estes trabalhos serviu para o estabelecimento deste protocolo, desenvolvido pelos biólogos Mônica Kuhlmann, Guiomar Fornasaro, Lucy Ogura e Hélio Imbimbo, da Divisão de Análises Hidrobiológicas. O documento supre a escassez de protocolos brasileiros, atende à demanda de informações sobre esses organismos e da sua aplicação em programas de biomonitoramento.

O trabalho foi dedicado ao professor Aristides de Almeida Rocha, primeiro biólogo e bentólogo da CETESB e à professora Gisela Yuka Shimizu da USP, líder no estudo da ecologia de comunidades bentônicas no Brasil e responsável pela formação de diversos profissionais da Companhia.