O setor da embalagem no Brasil movimentou, em 2014, R$ 55,1 bilhões, com um aumento de aproximadamente 6,17% em relação ao ano anterior. No mundo, esse número ascende a US$ 500 bilhões, representando entre 1% e 2,5% do Produto Interno Bruto de cada país. Com tal potencial de mercado, os empresários do setor investem pesadamente nas funcionalidades do produto, “design” e outros aspectos, apostando no seu poder de influência sobre os consumidores na hora da compra.
Mas a embalagem, no final do ciclo de vida do produto, não mereceu ainda a devida atenção. Apesar do sucesso de alguns setores da indústria de reciclagem, como o de latas de alumínio, é grande o volume de embalagens de todos os tipos cujo destino é o aterro sanitário.
É por este motivo que a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e a Abre (Associação Brasileira de Embalagem) assinaram nesta quarta-feira, 2/9, um protocolo de intenções para cooperação técnico-científica, cujo objetivo é a identificação e a divulgação de práticas ambientais adequadas a serem adotadas pelo setor.
O documento foi assinado por Otavio Okano e Nelson Bugalho, respectivamente, presidente e vice-presidente da Cetesb, e por Gisela Schulzinger e Luciana Pelegrino de Arteaga, respectivamente, presidente e diretora-executiva da Abre. A iniciativa, que se insere no âmbito das ações da Cetesb na implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, visa a valorização da função da embalagem; a otimização do ciclo de vida do produto com o mínimo de consumo de recursos e geração de resíduos; a conscientização do consumidor quanto ao uso do produto e descarte da embalagem; e a revalorização da embalagem, considerando as possibilidades de reutilização, remanufatura e reciclagem, promovendo a transição para um modelo de economia circular.
Okano ressaltou a importância da preocupação que o setor está demonstrando, buscando parceria com a Cetesb para encontrar soluções para que a embalagem, no final do seu ciclo de vida, tenha uma destinação adequada, evitando o desperdício de recursos naturais.
O protocolo, com duração de dois anos, prevê o intercâmbio de informações, pesquisas, organização de encontros técnicos e outras ações. O vice-presidente Nelson Bugalho, salientou que existe a expectativa de que a parceria entre as duas entidades gere, já no primeiro semestre de 2016, um documento com critérios para avaliação do desempenho ambiental das embalagens de bens de consumo não-duráveis e relatos de casos nacionais de sucesso dessa estratégia.
A presidente da Abre, Gisela Schulzinger, afirmou que a entidade se propõe a aproximar os setores em âmbito nacional para buscar as melhores práticas ambientais na produção e destinação final das embalagens. “Essa preocupação é irreversível”, disse. Luciana Pelegrino de Arteaga, diretora-executiva da Abre, lembrou que essa preocupação está clara na própria embalagem que traz orientações ao consumidor quanto aos procedimentos adequados para o reaproveitamento dos materiais.
Dados econômicos
Estudos do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre)/Fundação Getúlio Vargas (FGV), desenvolvidos especialmente para a Abre, apontam que, dos recursos mobilizados pelo setor no Brasil, as embalagens plásticas representam a maior participação com 39,07% do total, seguidas pelas embalagens celulósicas com 34,30% (neste item, somam-se as embalagens de papelão ondulado com 18,54%, cartolina e papel cartão com 9,87% e papel com 5,89%), metálicas com 17,14%, vidro com 4,81% e madeira com 2,59%.
O nível de emprego no setor, em dezembro de 2014, alcançou 227.321 postos de trabalho com um recuou de 0,41% em relação ao ano anterior. A indústria de plástico é a que apresentava maior demanda de mão-de-obra totalizando 119.953 empregos formais, em dezembro de 2014. Esse número corresponde a 52,77% do total de postos de trabalho do setor. Em seguida, vêm os setores de papelão ondulado com 34.704 funcionários (15,27%), papel com 22.269 (9,80%), metálicas com 18.989 (8,35%), madeira com 13.949 (6,14%), cartolina e papel cartão com 9.086 (4,00%) e vidro com 8.371 (3,68%).
Apesar de tais números, a produção da indústria de embalagem apresentou uma retração de -1,47% em 2014. De acordo com o estudo, o resultado foi influenciado pelo desempenho econômico do país, além de uma retração do consumo e de produção de bens não duráveis. Para o ano de 2015, o cenário mais provável é de uma retração de -0,5% na produção física de embalagem devido às dificuldades econômicas do país. Entretanto, a produção realizada deverá corresponder a R$ 58,2 bilhões devido, principalmente, aos aumentos de custos que serão repassados para os preços.