Presidente Patrícia Iglecias anunciou a reinstalação da câmara em evento internacional sobre saneamento
A presidente da CETESB, Patrícia Iglecias, anunciou a retomada da Câmara Ambiental de Saneamento, em 19/11, no evento internacional sobre saneamento “World Toilet Summit”, no Renaissance São Paulo Hotel. O anúncio foi feito junto com o presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos.
As Câmaras Ambientais são fóruns colegiados constituídos no âmbito da CETESB, desde 1995, de caráter propositivo e consultivo. Fazem parte, como membros destes fóruns, representantes das entidades vinculadas aos setores produtivos, e o objetivo é promover a melhoria da qualidade ambiental, por meio da interação entre o poder público e esses setores.
Como resultado dessa cooperação, diversos produtos foram gerados pelas Câmaras Ambientais, principalmente na forma de sugestões para o aperfeiçoamento de normas e diretrizes, elaboração de guias de boas práticas e vários relatórios técnicos, os quais têm contribuído significativamente para o aperfeiçoamento das ações de licenciamento e controle da poluição.
A Câmara Ambiental de Saneamento já existia, mas estava inativa. “Vamos retomar essa câmara, com os setor envolvidos no tema, para avançarmos nas questões pendentes”, declarou a dirigente, que participou de um painel no auditório principal do evento, sobre legados e iniciativas brasileiras, com as presenças de Jack Sim, fundador e CEO da World Toilet Organization (WTO) e promotora da conferência; Marcos Dubeux, da Ikone; Filipe Sabará, ex-presidente do Fundo Social do Estado de São Paulo; e alunas do Colégio Santo Américo, responsáveis pela Iniciativa Vitágua, projeto de iniciação científica sobre tratamento de esgoto; além do representante da Trata Brasil.
Mudanças climáticas
Antes, Patrícia Iglecias havia sido a mediadora do painel “Mudanças climáticas: como fazer planejamento sustentável de água e esgoto nesse cenário?”. A 19ª edição do evento “World Toilet Summit”(WTS) foi a primeira em que o encontro realizou-se na América Latina. O dia 19/11 é o “Dia Mundial do Banheiro”, instituído pela ONU.
Com base em dados divulgados pela própria WTO, o problema da falta de banheiros, água tratada e esgotamento sanitário é mundial: “Conforme a própria Organização Mundial da Saúde e Unicef, em pleno século 21, mais de um bilhão de pessoas não têm acesso sequer a um banheiro. Bilhões vivem em condição precária de serviços de saneamento básico. No Brasil são aproximadamente 4 milhões de pessoas sem acesso a banheiros, algo precisa ser feito! O Brasil também apresenta indicadores alarmantes de acesso à água tratada, coleta e tratamento de esgotos. Segundo os números oficiais do Governo Federal, aproximadamente 35 milhões de pessoas não têm acesso à água potável, equivalente à população do Canadá”.
No painel mediado pela presidente da CETESB, participaram Renato Montoya, diretor-executivo da Agua Tuya, da Bolívia; Guillermo Saavedra, presidente da Federação Nacional de Cooperativas de Serviços Sanitários do Chile; Marcelo Nolasco, professor e pesquisador da USP; e Alexandre Araújo, professor da Universidade Estadual do Ceará e colaborador do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas.
Eles falaram sobre problemas, desafios e exemplos bem-sucedidos, de tratamento de água e esgotos, e foram praticamente unânimes em apontar a economia circular – que envolve, entre outros, o reaproveitamento de resíduos e produtos, de maneira a manter os materiais no ciclo produtivo – , como uma das possíveis alternativas. Também, observaram que as populações mais pobres são as mais vulneráveis e afetadas. Ainda, mencionaram a inovação tecnológica e a educação ambiental como soluções e instrumentos para o enfrentamento dos desafios.
Patrícia Iglecias ressaltou que “as mudanças climáticas são um problema complexo, com consequências diversas e distintas, dependendo de como vamos trabalhar a questão. A água é um dos meios pelo qual a população pode ser mais impactada, em relação às mudanças do clima”.
Lembrando do longo período de estiagem por que passou o Estado de São Paulo em 2014, a dirigente chamou a atenção para o Programa Nascentes, de recuperação de matas ciliares, do governo estadual, como um caso de sucesso. “O Nascentes une empreendedores com obrigações de recuperação a serem cumpridas e possuidores de áreas com necessidade de recomposição da vegetação nativa. Hoje, temos mais de 25 milhões de mudas plantadas no Estado de São Paulo. No site do programa, há relato de caso mencionando aflorações de água onde há alguns anos isso não era visto”, diz.
A presidente também falou sobre o programa “CETESB de Portas Abertas”, que, entre outras iniciativas, objetiva trazer soluções alternativas e inovadoras, contribuindo para a gestão ambiental mais adequada, eficiente e ágil.
Fotografia: José Jorge Neto