Especialistas da CETESB falaram sobre a qualidade da água e do ar, e dos cuidados com os resíduos sólidos
A Escola Paulista de Magistratura – EPM e a Cetesb promoveram na noite de 04/06, via Youtube e Facebook, a live “A Pandemia e os seus reflexos no meio ambiente”. A abertura do evento, transmitido ao vivo pela internet, contou com as boas-vindas dadas pela diretora-presidente da CETESB, Patrícia Iglecias, e pelo coordenador de Meio Ambiente da EPM e idealizador do encontro, Desembargador Ricardo Torres de Carvalho.
Também virtualmente prestigiaram o evento o secretário estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido; o Desembargador Luís Francisco Aguilar Cortez, diretor da EPM, e o juiz Álvaro Mirra. O moderador foi o Desembargador Ruy Cavalheiro, presidente da Primeira Câmara de Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo.
As palestras tiveram início com a apresentação de José Eduardo Bevilacqua, assistente executivo da Diretoria de Impacto Ambiental da CETESB, que falou sobre os reflexos da pandemia na qualidade da água. Após dar um breve histórico da evolução do saneamento básico no mundo e da poluição da água em agrupamentos urbanos, o especialista enfatizou que não há possibilidade de transmissão da doença (Covid-19) por meio de veiculação hídrica: “Não é uma doença de veiculação hídrica”. E também chamou a atenção para a importância de se buscar o bom uso do solo e da salubridade. “Quanto mais ambientes salubres tivermos, menos problemas e doenças teremos”, reiterou.
Assim, ainda destacou a necessidade de programas constantes de melhoria do saneamento. Nesse sentido, lembrou dos investimentos que foram feitos no Rio Tietê e os que vêm sendo realizados no Rio Pinheiros. Segundo Bevilacqua, em 1992 registrava-se no Tietê uma carga poluidora orgânica remanescente de 1.100 toneladas, ao passo que hoje são 625 toneladas. Já no Pinheiros, onde a CETESB atualmente conta com nove pontos de monitoramento, entre outras ações, as amostragens foram intensificadas e, entre outros resultados, verificou-se que o desassoreamento está contribuindo positivamente na sua qualidade.
Por sua vez, a gerente da Divisão de Qualidade do Ar da CETESB, Maria Lúcia Guardani, observou que o isolamento social provocou uma diminuição das atividades e consequentemente da circulação de veículos, reduzindo as emissões atmosféricas geradas por estes, que em seu conjunto formam a maior fonte de poluição na Região Metropolitana de São Paulo. Além do menor número de veículos, também as condições mais livres do trânsito contribuem para uma menor emissão de poluentes.
Segundo a especialista, entre os reflexos verificados em 69 dias de pandemia, a qualidade do ar esteve boa na maior parte do tempo. Ela também mostrou um estudo específico com a comparação das concentrações médias dos poluentes em 2019 e 2020, semana a semana, a partir do primeiro domingo do mês de março, envolvendo as estações da CETESB instaladas em quatro vias de tráfego intenso na RMSP.
Frisando que as concentrações atmosféricas dos poluentes são fortemente influenciadas pelas condições meteorológicas, ela concluiu que, embora tenha havido uma diminuição da poluição do ar, a própria variação dos dados demonstra que não é possível quantificar qual a parcela de contribuição da redução das atividades e qual a parcela devida às condições meteorológicas, que variam dia a dia. “De todo modo, pode-se afirmar que se não houvesse a redução da circulação de veículos, os níveis de poluição seriam mais altos do que os observados no período do isolamento social”, finalizou.
A gerente da Divisão de Logística Reversa e Gestão de Resíduos Sólidos da CETESB, Lia Helena Demange, falou sobre a “Reciclagem e Ação Social durante a Pandemia”. Entre outras informações, destacou a Decisão de Diretoria da Companhia de nº 035, de abril último, que, quanto aos sistemas de logística reversa que atuem por meio de estruturação e apoio a cooperativas, não será exigido o atendimento à meta quantitativa, assim como deverá se prover a devida assistência social aos cooperados.
Lia Demange também mencionou as diretrizes técnicas e jurídicas para a coleta seletiva e triagem de materiais recicláveis durante a pandemia, cujo objetivo principal é resguardar a subsistência e a saúde dos catadores e que tem por público-alvo os gestores públicos municipais e as cooperativas. Essas diretrizes estão disponibilizadas no endereço https://www.cnmp.mp.br/portal/images/ noticias/2020/maio/26- 05_DIRETRIZES_COLETA_SELETIVA _E_COVID_FINAL_1.pdf.
Destacou, ainda, o comunicado do CVS (Centro de Vigilância Sanitária) de nº 7, de março passado, para prevenir riscos à saúde da população em geral e, entre outras orientações, diz que pessoas “com sintomas de gripe ou em isolamento domiciliar devem descartar lenços, toalhas, fraldas ou papel higiênico em um (primeiro) saco plástico, fechando-o ao final do uso; acondicionar esses sacos primários em um (segundo) saco, que deve ser firmemente fechado ao fim de seu uso; embalar os sacos secundários com os demais resíduos domiciliares, e dispor para coleta domiciliar de rejeitos (resíduos não recicláveis).”
O médico patologista Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da USP, e o diretor-presidente da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública), Carlos Silva Filho, também fizeram exposição no encontro. Paulo Saldiva falou sobre o surgimento e ocorrência das mais conhecidas doenças contagiosas na humanidade, desde a peste bubônica, até os dias de hoje, com o novo coronavírus, sempre relacionando-as ao meio ambiente. Já Carlos Silva, mostrou os últimos dados nacionais referentes à produção de resíduos sólidos domiciliares, chamando a atenção para o número crescente de geração no país.