CETESB e setor sucroenergético trabalham em conjunto, em prol do meio ambiente.
Transformando problemas em soluções. Gerando novos produtos a partir dos resíduos. Produzindo energia mais limpa e reduzindo as emissões de gases de efeito estufa. Agência ambiental trabalhando em conjunto com o setor produtivo, buscando as melhores práticas e o avanço no licenciamento. Ações sustentáveis como sinônimo de eficiência. Aproveitamento total, num ciclo de economia circular exemplar.
Esses temas foram a tônica do “Alô, CETESB!” que foi ao ar no último dia 11/11. Com apresentação da diretora-presidente da Companhia, Patrícia Iglecias, o programa do canal oficial da agência ambiental paulista no YouTube teve três entrevistados para falar do “Setor Sucroenergético e os avanços do licenciamento ambiental, no Estado de São Paulo, tendo em vista os avanços tecnológicos desse setor”.
Os entrevistados foram o engenheiro- agrônomo Antônio Luiz Lima de Queiroz, assistente da presidência da CETESB; a coordenadora jurídica e de sustentabilidade da UNICA, Renata Camargo; e o gerente agrícola corporativo do Grupo COFCO Internacional, eng. Téo Almeida Bastos Neto.
Patrícia Iglecias comentou, inicialmente, sobre como a Companhia e o setor sucroenergético desenvolvem uma agenda conjunta, “que vem funcionando muito bem, com o nosso programa CETESB de Portas Abertas”. Dessa forma, trabalhando juntos, segundo ela, tem se conseguido buscar soluções para os principais problemas do setor.
Ela deu como exemplos a reativação, este ano, da Câmara Ambiental do Setor Sucroenergético – CAMC, e o Protocolo Etanol Mais Verde, em vigor desde 2017, assinado pelas secretarias de Estado do Meio Ambiente e da Agricultura, pela CETESB, e também pela UNICA e Orplana, com 10 diretivas técnicas, visando consolidar as melhores práticas de sustentabilidade.
Antônio Luiz Lima de Queiroz falou, principalmente, da evolução e mudanças no licenciamento ambiental relativo ao setor. Frisou que, em três décadas, as mudanças foram muito grandes. Conforme ele, desde 1990, se partiu de situações típicas de ocupação de APPs por fornecedores de cana, das queimadas e da inexistência de uma destinação correta da vinhaça.
“O setor trabalhava de um modo muito dissociado do licenciamento, até porque o licenciamento estava começando”, ponderou. Explicou que os produtores foram, então, se afastando das APPs, assim como as usinas pararam de aceitar cana plantada nessas áreas. Em 2002, veio a lei que proibia gradativamente a queima da palha, e a vinhaça começou a ser aproveitada, com aplicação no solo, com base em parâmetros legais.
“Então, o licenciamento permite a reutilização de materiais, reduzindo ao máximo a disposição de efluentes, por exemplo”, ilustrou, citando o Protocolo Agroambiental de 2007 e o Etanol Mais Verde, além de chamar a atenção para as discussões com o setor, visando evitar o problema do aparecimento e da proliferação da mosca de estábulo, resultando na solução de se aplicar localizadamente a vinhaça.
A cogeração de energia elétrica, a partir do bagaço de cana, e a produção da 2ª geração do etanol, em que um subproduto se torna matéria-prima, também foram enfatizados por Queiroz. Por tudo isso, para ele, o setor sucroalcooleiro é uma amostra clara de como todo um sistema de produção foi transformado, com a melhoria da proteção ambiental.
Renata Camargo, por sua vez, falou sobre a necessidade de política pública para estimular os investimentos no setor. “Não se trata de investimento baixo. Nem todas as usinas têm volume de vinhaça suficiente. É um setor super – heterogêneo, com grandes grupos e usinas familiares”. Ela afirmou que um concentrador de vinhaça chega a custar cerca de R$ 40 milhões.
Por outro lado, a representante da UNICA disse que política pública não se desenvolve “da noite para o dia”, enfatizando que o relacionamento entre a CETESB e o setor nos últimos anos criou um ambiente favorável para o avanço na agenda de construção conjunta, e que o momento é propício em razão do incentivo aos biocombustíveis, no âmbito federal.
“Essa mudança de raciocínio, esse comprometimento da população como um todo, com a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, trazem um grau de importância para o setor que tem investido em novas formas de produção”, arrematou.
Finalizou, comentando sobre o etanol de 2º geração. “Esse etanol não é produzido da cana-de-açúcar, mas da celulose da cana, com aproveitamento ainda maior, produzindo mais etanol, com a mesma quantidade de área cultivada. É um sinônimo de eficiência – ambiental, produtiva e sustentável. A grande base do setor é esse DNA da sustentabilidade”, disse, e brincou: “A gente aproveita tudo, até o bagaço!”.
O eng. Teo Almeida Bastos Neto, do grupo chinês COFCO, detalhou a sistemática da aplicação dirigida da vinhaça, praticada pela sua empresa: “Iniciamos há alguns anos. Concentramos a vinhaça pela primeira vez e mudamos a forma de aplicação, antes por aspersão. Com a alteração, diminuímos o volume. E, já que tínhamos um volume menor, devido à concentração da vinhaça, iniciamos experiências dessas aplicações junto com parceiros. De um volume de 150 a 300 metros cúbicos por hectares, chegamos hoje a 10 e 30 metros cúbicos, com benefícios tanto agronômicos, como econômicos e ambientais”.
Concluiu, dizendo que a empresa procura utilizar todos os recursos dos subprodutos da cana-de-açúcar e da fabricação do etanol, do açúcar e da energia, buscando no momento expandir esses benefícios e essas tecnologias, em particular a das baixas aplicações de vinhaça, para todas as quatro unidades do grupo. “Estamos atentos para aproveitar todos os benefícios possíveis dessas tecnologias, que se renovam a cada dia”, complementou.
Ao que a presidente da CETESB pontuou: “Para nós, a grande solução hoje é o etanol, com seus benefícios, com a sua redução de emissões de gases de efeito estufa”. Falou ainda sobre as ações sustentáveis: “A eficiência gera em si a sustentabilidade. Eu costumo dizer que a sustentabilidade é composta pela ideia de eficiência. E o setor sucroenergético é exemplar, tendo avançado muito e nos trazendo o que está na ordem do dia, em termos de avanços tecnológicos e, com isso, também, cumprindo essa agenda de que falamos tanto, de economia circular”.
Patrícia Iglecias fechou o programa concluindo que o setor é fundamental no Acordo Ambiental São Paulo e que a UNICA preside a Câmara Ambiental de Mudanças Climáticas. “Por meio dessa Câmara, nós temos construído a metodologia necessária para a apresentação dos resultados do Acordo Ambiental São Paulo e também as boas práticas que podem ser compartilhadas”.
Texto: Mário Senaga
Revisão: Cristina Leite