Patrícia Iglecias ministra a aula magna de evento realizado pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos – USP.

Na manhã da segunda-feira, 05/04, a diretora-presidente da CETESB, Patrícia Iglecias, proferiu a aula magna do 2021 Water Academy Day: Água e Saúde para uma Sociedade em Transformação, Resiliente e Pós-pandêmica, que discorreu sobre o tema: Saúde e proteção do meio ambiente, desafios da contemporaneidade.

O WAD é um evento organizado por docentes e estudantes do Programa de Pós-graduação em Engenharia Hidráulica e Saneamento, da Escola de Engenharia de São Carlos – USP – EESC/USP. Este ano, tendo em vista as restrições impostas pela pandemia do COVID19, o evento foi 100% online e contou com apoio do Centro de Estudos e Pesquisas em Desastres – CEPED/USP e da nova Cátedra UNESCO de Águas Urbanas, sediada na USP-São Carlos.

Patrícia Iglecias, também professora associada da Faculdade de Direito da USP-São Paulo, em sua fala inicial se exprimiu dizendo: “Não é possível dissociar os temas saúde e meio ambiente. Para as pessoas terem qualidade de vida é preciso ter saúde, para ter saúde é preciso levar em conta os aspectos ambientais. Se tiver problemas ambientais, como em saneamento, em tratamento de água e esgoto, com certeza vão afetar a saúde da população”.

Quando se trata dessa temática – saúde e meio ambiente –, há toda uma legislação ambiental, desde a Constituição Federal de 1988, que procura um equacionamento entre pessoa humana e meio ambiente, considerando as atividades econômicas e as políticas públicas, naquilo que hoje é proposto pela agenda ESG – meio ambiente, social e governança. Isso, como observa a diretora, “porque se percebe a necessidade de um trabalho conjunto”.

As políticas públicas atualmente passam pela análise dos aspectos racionais e procedimentais e dos aspectos conflituosos e de limite, procurando a cooperação dos envolvidos, buscando a consciência coletiva para determinado problema e consequentemente as melhores soluções.

No contexto atual, ou de acordo com o teórico Ulrich Beck, está presente a “sociedade de risco”, em que o risco não é mais tratado individualmente, mas coletivamente. Exemplo, a Covid-19 – um problema surgido na Ásia e que em pouco tempo tornou-se um problema mundial. A dirigente diz que “esses riscos vão ter que ser mensurados e tratados com políticas públicas”.

A CETESB e a Covid-19

A CETESB desenvolveu um trabalho de monitoramento de SARS-CoV-2, acompanhando a disseminação do vírus ao longo da pandemia. Um trabalho que não era realizado antes que passou a ser feito como prevenção e de maneira muito rápida.

E qual foi a importância da realização desse monitoramento? Segundo Patrícia Iglecias, conforme demonstrado no quadro a seguir, foi possível a detecção da circulação do vírus no esgoto, fazendo do monitoramento uma ferramenta importante na vigilância da circulação do vírus.

Saúde e meio ambiente

Patrícia Iglecias alertou para o fato de que “quando não se tem um ambiente adequado vai haver uma incidência maior de problemas de saúde, de doenças de patógenos perigosos. Doenças como dengue, zika e outras epidemias e também o aumento de mortalidade”.

Acrescenta que a Organização Mundial da Saúde – OMS coloca dados, como 88% dos casos de morte por diarreia no mundo são causados por saneamento inadequado, o que significa, por exemplo, 1,5 milhão de crianças afetadas.

Além desses impactos, no Brasil, por exemplo, há o impacto no sistema público de saúde. Foram gastos pelo SUS cerca de 16 milhões de reais no primeiro trimestre de 2020 em internações por patologias causadas por saneamento inadequado. “Quantia que poderia ser destinada para situações de emergência como a que estamos vivendo”.

Para Patrícia, “a universalização do saneamento é algo fundamental em termos de Brasil”.

A dirigente salientou o novo marco do saneamento, que vai trazer elementos fundamentais, como a revitalização das bacias hidrográficas e a redução de custos. “Eu vejo de uma forma muito positiva e isso indica que não dá para dissociar os temas – saúde e meio ambiente. Eles de fato estão juntos”, ressalta a professora.
Em sua fala final, a diretora-presidente pontuou o papel da Academia, “no sentido de desenvolver pesquisas e demonstrar dados, de forma que tenhamos os trabalhos desenvolvidos na Academia voltados para temas práticos”.

Patrícia Iglecias ainda respondeu perguntas formuladas por internautas que acompanhavam o evento.

A aula magna destinada à comunidade de Pós-graduação em Engenharia Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos contou ainda com a palestra do professor Eduardo Mário Mendiondo, que discursou sobre a importância do curso de pós-graduação, além dos relatos de ex-integrantes do curso como Raphael Medeiros, professor da UFSM, e Maria Clara Fava, professora da UFV/CRP, que falaram sobre a gratificação de fazer parte dessa comunidade.

AULA MAGNA

Assista na íntegra a aula magna da prof.ª Patrícia Iglecias
no canal do YouTube, do Eventos PPG SHS USP EESC, youtube.com/watch?v=20QBHLxPQpc.

Saiba mais

A prof.ª Patrícia Iglecias cita durante sua aula magna a obra Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade, do sociólogo alemão Ulrich Beck. Publicado em 1986, logo após o acidente nuclear de Chernobyl, o livro faz uma abordagem de como a sociedade moderna se comporta em face ao risco.

Disponível em:
/edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5299999/mod_resource/content/1/Ulrich%20Beck%20-%20Sociedade%20de%20risco_%20Rumo%20a%20uma%20Outra%20Modernidade.pdf

Texto: Cristina Leite
Printes: José Jorge
Programação visual site: Kissy Harumi.