A abertura e a mediação da live foram feitas pela diretora-presidente da CETESB, Patrícia Iglecias. Entre os palestrantes, Marcio Rea e Benedito Braga, presidentes da EMAE e da SABESP, respectivamente.
“A mudança que precisamos na saúde e na qualidade de vida na maior cidade do Brasil”, esse foi o tema do evento promovido pela CETESB, EMAE e SABESP, em 28/04, e transmitido pelos canais oficiais da agência ambiental paulista no Facebook e YouTube. O side event fez parte da “Planetary’s Health Week”, que este ano ocorre de modo virtual, de 25 a 30 de abril, pela primeira vez sediado pela Universidade de São Paulo.
A abertura e a mediação foram feitas pela diretora-presidente da CETESB, Patrícia Iglecias. Entre os palestrantes, Marcio Rea e Benedito Braga, presidentes da EMAE e da SABESP, respectivamente, todos órgãos vinculados à Secretaria de Estado de Infraestrutura e Meio Ambiente – SIMA.
Outros palestrantes, especialistas da CETESB, foram Maria Inês Sato, gerente do Departamento de Análises Ambientais; José Eduardo Bevilacqua, assistente executivo da Diretoria de Avaliação de Impacto Ambiental; Nelson Menegon, assistente executivo da Diretoria de Engenharia e Qualidade Ambiental; e Maria Lúcia Guardani, gerente da Divisão de Qualidade do Ar.
Patrícia Iglecias deu o tom das apresentações: “Segundo a OMS, só há um direito à saúde, se nós levarmos em conta aspectos ambientais e a qualidade de vida das pessoas e é nesse sentido que se trabalha”. Ela explicou que isso se aplica “não só ao que o Estado de São Paulo vem fazendo, mas em especial à base do próprio Direito brasileiro, da Constituição Federal, que em seu Capítulo VI – do Meio Ambiente, art. 225 declara ‘todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida’”.
Conforme a dirigente, impõem-se “ao Poder Público e à Coletividade a proteção desse bem, o dever de defendê-lo e protegê-lo, não apenas para as presentes, mas também às futuras gerações”. Ela esclareceu que isso se insere dentro de um contexto, que atualmente se encaixa no de “sociedade de risco”, conforme descreve Ulrich Beck já nos anos 80, com riscos globais ligados à economia, tecnologia e saúde, como no caso da atual pandemia, decorrente da Covid-19.
“Então, é dentro desse contexto que se insere o evento de hoje, onde vamos olhar facetas importantes para uma melhor qualidade de vida, no âmbito de uma grande cidade. Nós vamos olhar para um trabalho que é fundamental nessa metrópole paulista, que é justamente a despoluição do rio Pinheiros, que corta uma parte vital da nossa cidade. “O que nós queremos é um rio despoluído”, arrematou.
Qualidade Ambiental
Maria Inês Sato, gerente do Departamento de Análises Ambientais, lembrou que os laboratórios da CETESB pertencem à Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaio – RBLE, à Rede Brasileira de Laboratórios de Calibração – RBC e à Rede de Laboratórios de Ambiente y Salud de América Latina y El Caribe – RELAC. “Os laboratórios da Companhia são confundidos com a sua história. A atividade é uma das mais antigas na CETESB. Nos mais de 50 anos de criação os laboratórios foram modernizados na sede e se expandiram para o interior. Os resultados conseguidos balizaram as ações ambientais e ampliaram a capacidade do Estado em atuar de forma mais efetiva no controle da poluição e no diagnóstico da qualidade ambiental e contribuem com a Secretaria da Saúde no acompanhando da pandemia”.
José Eduardo Bevilacqua destacou a importância dos trabalhos de monitoramento da qualidade dos sedimentos e aspectos da dragagem do rio Pinheiros, lembrando que o rastreamento é possível porque “a poluição fica registrada nos sedimentos” e assim permite-se verificar os efeitos positivos de estabelecer formas de controle.
Pelos resultados obtidos, de centenas de amostras, segundo ele, nota-se a predominância de areia e baixos índices de contaminantes e matéria orgânica, uma informação muito positiva, atestando a melhora. Chamou a atenção para o fato de que o rio Pinheiros abrange um universo de 3,3 milhões de pessoas, sendo necessária a conscientização e o envolvimento de toda a população: “A sociedade que identifica seus rios como parte de sua vida é mais feliz!”, concluiu.
“Novo Rio Pinheiros”
Benedito Braga fez uma comparação da situação atual do Pinheiros com os anos de 1920, quando o rio possuía piscinas de madeira* e caiaques boiavam em suas águas. “Não é a esse ponto que chegaremos, com contato direto das pessoas com suas águas, mas com condições que permitam o seu uso para lazer e turismo, como acontece com o rio Sena, em Paris. Ninguém nada no rio Sena”, enfatizou.
Segundo o presidente da SABESP, o desafio é muito grande. O projeto “Novo Rio Pinheiros”, como ressaltou, é coordenado pela SIMA e envolve todas suas empresas subordinadas, além de outras secretarias de Estado, com vários componentes: saneamento, desassoreamento, revitalização, recuperação das margens, lazer e turismo, eliminação ou redução dos resíduos sólidos, comunicação social e educação ambiental.
Como bom exemplo, dentre as ações em andamento, ele citou a meta para que 530 mil residências deixem de lançar seus esgotos em afluentes do Pinheiros; o funcionamento da estação ambiental Zavuvus e a cooperativa de reciclagem e sustentabilidade Ponte Baixa, cuja instalação estará concluída em maio próximo, o que deverá contribuir para a não destinação de lixo aos córregos.
Nelson Menegon mostrou o quão importante é o monitoramento da qualidade das águas dos rios e represas, efetivado pela CETESB. “Esse monitoramento está intimamente ligado à saúde das pessoas. Considerando que 70% do nosso corpo é composto de água, então, no meu caso, 70% do meu corpo contém água do Guarapiranga”.
Ele informou que o trabalho de monitoramento dos rios é realizado desde a década de 1970 e que hoje há aproximadamente 500 pontos de monitoramento, nas 22 bacias hidrográficas do território paulista. “Não é feito de forma subjetiva, mas regrado por leis”, esclareceu, mencionando que são levantados dados físicos, químicos e biológicos, entre outros.
Revitalização como indutor de melhoria
O presidente da EMAE afirmou que a revitalização do Pinheiros servirá como indutor de melhoria e “vai mudar a cara de São Paulo”, assim como a população “terá orgulho do rio Pinheiros”. Lembrou que os atuais problemas e desafios do rio incluem a poluição, o assoreamento, odor desagradável e infestação de pernilongos. Para isso, o projeto “Novo Rio Pinheiros” não só vai buscar solucioná-los, como vai aproximar a população, além de promover a apropriação do espaço.
Marcio Rea falou dos parques lineares a serem implantados na margem oeste, com ciclovias, esportes e educação ambiental. Informou que o fluxo de ciclistas já aumentou, de 17 mil para 90 mil, por mês, e destacou a futura Usina São Paulo, com mirante, lojas, restaurantes e cafés, museu e quiosques, paralelamente ao funcionamento normal da usina. Apontou ainda que o projeto da usina, inédito no país, vai trazer inclusive receitas para as empresas do setor elétrico.
Por fim, “mudando da água para o ar”, Maria Lúcia Guardani, salientou a importância do trabalho que a Companhia faz, particularmente, com relação ao monitoramento da qualidade do ar. Ela ilustrou a atividade de rastreamento das estações automáticas de monitoramento como um “nariz” que respira – capta – os poluentes, envia-os para os equipamentos de análise, encaminhando as informações para a central telemétrica, que as transforma num código de cores, para que a população possa entender mais facilmente a divulgação dos índices, sempre considerando os efeitos à saúde das pessoas.
Ela destacou a melhoria gradativa da qualidade do ar em São Paulo e lembrou o episódio, ocorrido em agosto de 2019, quando o céu ficou negro, por causa da fumaça provavelmente proveniente do centro-oeste do país. Segundo a especialista, normalmente, a fumaça passa por uma altura bem superior, mas em sua passagem naquele dia por São Paulo, ao encontrar partículas finas de uma frente fria, estacionou sobre o céu da cidade, não deixando passar a luz, constituindo-se num fenômeno isolado. “Mas, felizmente, nosso monitoramento mostrou que a qualidade do ar na região estava boa”.
*Nota do revisor: Na década de 1920, foram construídas piscinas nos próprios rios de São Paulo – Pinheiros e Tietê – na verdade, cochos delimitados nas águas, que visavam o treinamento de atletas ao mesmo tempo em que salvaguardavam os nadadores da correnteza dos rios.
Assista a íntegra:
Texto: Mário Senaga
Revisão: Cris Leite
Printes: José Jorge
Programação visual: Kissy Harumi