A crise climática e as transformações impostas por ela à vida das pessoas levaram o Hospital Israelita Albert Einstein a realizar o Fórum Clima & Saúde, com o objetivo de pensar um futuro mais saudável. Realizado, em 18/5, o evento contou com três painéis e nove debatedores, entre eles, a diretora-presidente da CETESB, Patrícia Iglecias.
Convidada a discutir o tema “Infraestrutura e clima: uma questão de sobrevivência”, segundo painel do encontro, a executiva apresentou um resumo dos programas implementados pela Agência Ambiental Paulista, que resultaram na melhoria da qualidade de vida da população do Estado.
“O meio ambiente e a atuação da CETESB são ligados a saúde e qualidade de vida das pessoas, cumprindo o que preconiza a Constituição de 1988: a população tem direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado”, lembrou Patrícia Iglecias.
Segundo ela, por meio de dados da qualidade do ar coletados pela CETESB é possível observar uma melhoria constante. “Temos hoje 63 estações automáticas e 24 estações manuais de monitoramento. As estações automáticas geram aproximadamente 17 mil dados diários. Eles indicam a qualidade do ar em pontos estratégicos do Estado.”
Patrícia Iglecias ressaltou que tanto o Proconve – Programa de Controle de Emissões Veiculares quanto o Promot – Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares, que hoje são acompanhados pelo Ministério do Meio Ambiente, nasceram na CETESB. “Até hoje a Companhia é o agente técnico para esses programas, além do PCPV – Plano de Controle de Poluição Veicular, aplicado no Estado de São Paulo. Fazemos não só a fiscalização, mas também indicamos as novas tecnologias que devem ser inseridas nos processos industriais.”
A CETESB orienta o setor industrial para que tenha ações mais efetivas no que se refere ao controle das emissões, reduzindo o impacto ambiental. “Avançamos muito em nosso Estado. É preciso haver planejamento, gestão, controle e melhoria em tempo integral.”
Outro avanço é o combate ao aquecimento global colocado em prática pela Agência Ambiental com o Acordo Ambiental São Paulo, iniciativa voluntária voltada ao setor empresarial com o objetivo de reduzir emissões de gases de efeito estufa.
“O programa salienta a importância de termos ações voluntárias em parcerias com o setor privado. Lançado em 2019, com 55 aderentes, hoje são mais de 1.500 representantes dos maiores setores da economia do Estado, incluindo o Hospital Albert Einstein”, disse a executiva.
Patrícia Iglecias destacou que a CETESB, em termos de infraestrutura, tem trabalhado para inserir o relato das emissões de gases de efeito estufa no licenciamento. “Precisamos avançar cada vez mais, os setores mais impactantes, como o do cimento, precisam inventariar suas emissões.”
Segundo ela, do ponto de vista de energia, é necessário trabalhar no avanço da energia fotovoltaica. “É necessário mudar a matriz energética, esse é um ponto fundamental, há muito espaço para crescer e a CETESB está preparada para fazer esses licenciamentos”, afirmou.
A questão do Etanol também mereceu destaque na participação da dirigente. “Não posso deixar de falar do Etanol, que gera de 70% a 80% menos emissões de gases de efeito estufa. Temos que evoluir na agenda porque é uma janela de oportunidades”, ponderou.
O segundo participante do painel foi o diretor executivo do IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, André Guimarães. “Como vimos até agora a temática de mudanças climáticas toca tudo e é tocada por tudo e está conectada às diversas dimensões da existência humana no planeta.”
Segundo ele, decisões que foram tomadas para a região amazônica, há mais de 50 anos, precisam ser revistas, porque hoje temos à disposição um conjunto de informações que não tínhamos antigamente.
O presidente do IPAM encerrou sua participação citando uma frase de Barak Obama: Somos a primeira geração a entender o problema e a última com a responsabilidade de resolver.
O presidente da Way Carbon, Sergio Margulis, terceiro participante, considerou que a humanidade precisa aprender a prevenir e a lidar com o impensável. Ele enfatizou a importância de desenvolver um Plano de Contingencia. Alertou para a combinação zoonose e epidemia, que a partir do aquecimento global cria condições para o desenvolvimento da dengue e da malária em novas regiões.
“Diante das desigualdades, a infraestrutura é fundamental para a solução da questão da vulnerabilidade climática. Não há espaço para ser otimista sem ter uma área de ciência valorizada.”
Texto – Cristina Olivette
Colaboração – Francisco Lucrécio
Revisão e colaboração: Cristina Couto