O atendimento às ocorrências causadas por rompimento de dutos é, de certa forma, diferenciado dos demais acidentes por produtos perigosos em função basicamente dos diversos cenários envolvidos, dos tipos de acesso ao local do rompimento e às condições ambientais. Para cada caso em particular, as operações de combate, de contenção e remoção devem ser adequadas às condições do terreno, ao risco de explosividade, à necessidade de remoção e proteção de moradores e transeuntes e à minimização dos danos aos ecossistemas atingidos.

Cenários
Os cenários são muito diversificados em função da localização das redes de dutos, tanto em regiões metropolitanas, como rurais e litorâneas.

As regiões metropolitanas compreendem a passagem dos dutos sob importantes ruas e avenidas onde há intenso tráfego de veículos, leves e pesados, e de pedestres; presença de escolas, hospitais, núcleos comerciais e industriais, de lazer e áreas residenciais de diferentes padrões socias e econômicos. Há a proximidade de corpos d’água já comprometidos como os Rios Tietê, Tamanduateí e Pinheiros como também de mananciais utilizados para abastecimento da comunidade (Represa Billings).

As regiões rurais por onde passam os dutos abrangem propriedades particulares com plantações diversas, como por exemplo canaviais; áreas de pastagem de gado, criação de outros tipos de animais, corpos d’água (córregos, rios, lagos e cachoeiras), mananciais, unidades de conservação, e, inclusive a proximidade com ferrovias e rodovias. A topografia, a geologia e a inclinação do terreno são variáveis o que muitas vezes dificulta o acesso e os trabalhos de combate nas emergências.

As regiões litorâneas onde há passagem do duto compreendem apenas os municípios de São Sebastião, Bertioga, Cubatão e Santos (oleoduto e polidutos) e Praia Grande, São Vicente e Cubatão (gasoduto). No trecho entre São Sebastião e Cubatão, a tubulação passa por terrenos de alta declividade na Serra do Mar, na orla marítima, em extensas áreas de manguezal, bem como junto de concentrações urbanas, industriais (complexo industrial de Cubatão) e instalações portuárias. No trecho entre Cubatão e o planalto, atravessa a Serra do Mar e a Represa Billings, posteriormente grandes complexos urbanos. O gasoduto vindo de Merluza, apresenta um trecho submarino e os demais passam pela praia, pelo estuário de São Vicente atravessando o manguezal e segue até chegar à Cubatão.

Condições ambientais
Associadas com os diversos cenários, as operações de contenção e remoção também são influenciadas pelas condições climáticas como presença de chuvas, as quais podem dificultar os trabalhos de reparo na linha avariada, a movimentação e a segurança de técnicos e maquinário na faixa da tubulação desenterrada, como também causar o extravasamento de diques de contenção do produto já recolhido, entre outros fatores. No caso do atendimento em áreas sujeitas à variação de marés como manguezais, praias e costões rochosos pode haver maior espalhamento do produto, agravando o número de locais atingidos e requisitando maior número de frentes de contenção e remoção.

Acesso
Se a tubulação se encontra em áreas urbanas ou junto de rodovias, o acesso é relativamente fácil para o pesado maquinário que será utilizado para descobrir o duto e efetuar as operações de reparo. O mesmo não se pode dizer em vazamentos ocorridos em terrenos com alta declividade, como no interior da Mata Atlântica, na Serra do Mar ou em áreas alagadiças como o manguezal, onde as condições ambientais muitas vezes dificultam a localização do ponto exato do rompimento e, em função da necessidade de abrir passagem para as máquinas, o dano ecológico é agravado pelo desmatamento.

Oleodutos na encosta da Serra do Mar (esquerda) e em Guararema (direita), junto ao gasoduto Bolívia-Brasil (GASBOL).

Outro tipo de dificuldade ocorre em dutos situados em áreas ocupadas por pessoas de baixa renda, onde o acesso das equipes de emergência é controlado por certos moradores, nem sempre receptivos de imediato à entrada de pessoas estranhas.

Ações de contenção e remoção
As ações de contenção e remoção aos vazamentos causados nas dutovias estão diretamente relacionadas com os itens anteriormente abordados, cenários e acessos.

Os métodos empregados não diferem muito dos já mencionados para o atendimento em emergências nas rodovias e ferrovias e transporte marítimo, quando se trata de vazamentos de petróleo e derivados. São utilizados produtos absorventes, equipamentos de contenção como barreiras absorventes e/ou de contenção, equipamentos recolhedores de diferentes tipos e capacidades, incluindo caminhões a vácuo, de acordo com o local onde ocorreu o evento e das características das áreas que foram atingidas. Por fim, incluem dispositivos para acondicionamento temporário dos resíduos oleosos recolhidos (líquidos e sólidos).

Recolhimento de óleo em área rural após rompimento de oleodutos em São José dos Campos (esquerda), 1994 e, limpeza de área urbana em Barueri, 2001.

Reparo de dutos avariados.

Medidas adicionais de segurança são adotadas no caso de liberação de Nafta, GLP e Gás Natural em função do alto teor de inflamabilidade destes produtos e da sua eventual proximidade com centros urbanos e pólos industriais. São utilizados então explosímetros (medidores de gás/vapor combustível no ar), oxímetros (medidores de oxigênio), fotoionizadores (detectam a presença de vapores orgânicos e alguns inorgânicos) e medidores multigás (aparelho medidor de vários tipos de gás). Equipamentos de proteção individual (EPIs) também se fazem necessários nestes atendimentos.

Gasoduto de GLP - Abatimento da nuvem de gás com jatos de água pelo Corpo de Bombeiros, após rompimento por ação de terceiros, Barueri, 2001.
Gasoduto de GLP – Abatimento da nuvem de gás com jatos de água pelo Corpo de Bombeiros, após rompimento por ação de terceiros, Barueri, 2001.