Peixes mortos apodrecem rapidamente, principalmente em águas quentes como as do Brasil, nas quais o processo de decomposição é mais rápido. Assim, os sinais nos peixes que servem como indicadores da mortandade podem desaparecer ou ficarem difíceis de identificar em questão de minutos.

Normalmente os peixes procuram a superfície ou a região mais rasa quando estão afetados por falta de oxigênio, substância tóxica ou doença. Por estarem muito estressados os peixes não reagem à presença de pessoas. Peixes neste estado são chamados de moribundos.

Após morrer os peixes vão para o fundo do corpo d’água, onde começam a se decompor. Essa decomposição gera gases que se acumulam dentro do peixe, fazendo com que ele flutue e venha para a superfície novamente, exalando um odor característico. Peixes podres não têm nenhuma utilidade para a investigação da mortandade, pois já estão completamente alterados. O ideal é a coleta de peixes moribundos, pois estes ainda apresentam os sinais que podem indicar a causa da mortandade.

Mortandades em rios, riachos ou córregos tem que ser atendidas o mais rápido possível, pois a correnteza levará os peixes e os contaminantes possivelmente despejados. Em alguns casos pode-se calcular a velocidade da correnteza no local em que foi vista a mortandade e, sabendo-se quando a mortandade se iniciou, calcular em que ponto a jusante a mortandade deve estar naquele momento. Por causa disso, a coleta de amostras para a investigação das causas de uma mortandade de peixes deve ser feita com o máximo de prontidão. Além da rapidez para se chegar ao local, a coleta e o envio das amostras para o laboratório também devem ser agilizadas pois várias análises tem prazo de validade bastante curto.

Preservação e armazenamento

Peixes

  • Amostragem de peixes (moribundos) para avaliação das alterações morfológicas e para preparo de amostras de tecidos (musculatura e/ou vísceras) para análise em laboratório.
  • Acondicionar os peixes capturados, embalados em papel alumínio e protegidos em sacos plásticos, preservando-os em gelo.
  • Quando houver indícios de contaminação ou despejos que os caracterizem, devem ser solicitadas análises de herbicidas, pesticidas, PCBs, metais ou outros contaminantes, nas vísceras e musculatura dos peixes.
  • Além de peixes, outros organismos podem ser coletados, quando necessário.

Água
A escolha das variáveis físico-químicas a serem analisadas deve seguir alguns critérios básicos de acordo com as características de ocupação do solo da região, a existência ou não de indústrias e a caracterização de seus despejos, aspecto da água, existência de despejos domésticos etc.

  • Algumas variáveis são muito significativas para o esclarecimento da ocorrência, como: pH, OD e temperatura, não devendo deixar de serem coletadas amostras para sua determinação, mesmo quando a causa for evidente.

A tabela 5 faz um sumário dos parâmetros mais freqüentes a serem analisados em eventos de mortandade de peixes, com as especificações de amostragem de cada um. Abaixo está a legenda para as abreviações encontradas na tabela 5:

P = polietileno ou polipropileno ou outro polímero inerte.
PE = polietileno ou polipropileno ou outro polímero inerte com lavagem especial.
V = vidro neutro ou borosilicato (pirex).
VA = vidro de cor âmbar neutro ou borosilicato.
DBO = frasco de vidro tipo DBO com tampa esmerilhada de 300 mL.

Tabela 5 – Parâmetros para amostragem em eventos de mortandade de peixes
VariávelRecipienteVolume Quantidade de AmostraPreservaçãoAcondicionamentoPrazo de ValidadeNotas
PEIXES10 a 20 indivíduos de cada espécie, dependendo do tamanhoPreservação em gelo até o laboratórioEm recipiente térmico sob refrigeração.Amostras frescas - até 24 horasEm eventos de mortandade, não congelar amostras para análise necroscópica
PHP, V100 mLRefrigerarRefrigerado entre
4 e 5 °C
24 horasOpção: realizar a análise por sonda
(em campo)
ALCALINIDADEP, V250 mLRefrigerarRefrigerado entre
4 e 5 °C
24 horasOpção: realizar a análise por sonda (em campo)
CONDUTIVIDADEP, V500 mLRefrigerarRefrigerado entre
4 e 5 °C
28 diasOpção: realizar a análise por sonda (em campo)
FÓSFORO
TOTAL
PE, V250 mLH2SO4 até pH<2Refrigerado entre
4 e 5 °C
28 dias
METAISPE, V500 mLHNO3 até
ph<2
Refrigerado entre
4 e 5 °C
180 dias Para mercúrio, o prazo é de 30 diasMetais solúveis: filtrar amostra em campo
PE (mar)1,0 L (mar)HNO3 até
ph<2 ou
Congelamento (mar)
Preferencialmente congelar a -10°C ou HNO3 até ph<2 (mar)180 dias
NITROGÊNIO AMONIACALP, V1,0 LH2SO4 até pH<2Refrigerado entre
4 e 5 °C
7 diasAnalisar o mais rápido possível ou adicionar H2SO4 até pH<2 e refrigerar entre 4 e 5 °C
OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD)DBO300 mL2ml de sulfato manganoso e 2ml de álcali-iodeto azida4 a 8 horas no máximoOpção: realizar a análise por sonda (em campo)
CARBONO ORGÂNICO TOTAL/
DISSOLVIDO
DBO300 mLH2SO4 até pH<2Refrigerado a 4°C+228 dias
TOXICIDADE AGUDA COM
Daphnia sp
V, P1,0 LResfriamento
(em gelo)
O recipiente deve ser totalmente preenchido com a amostra, de maneira a evitar a presença de ar12 horas
Refrigeração (entre 4 e 10 °C)48 horas
Congelamento (<−18°C)14 dias para o ensaio com bactéria e 60 dias para os demais ensaios
COLIFORMES TERMOTOLERANTESBAC100 mL0,1mL tiossulfato de sódio (1,8%)Refrigerado entre
4 e 5 °C
24 horas
CLOROFILA a e FEOFTINA aVA1,0 LNenhumaNão filtrada: recipiente com gelo48 horas
Filtrada: em dissecador a <-10°C3 semanas
FITOPLÂNCTONVA1,0 LNenhumaRecipiente com gelo24 horasAlgumas cianobactérias são danificadas com temperatura baixa, como por exemplo, Cylindrospermopsis
TEMPERATURAMedição em campo
Fonte: CETESB(18)