Seleção dos pontos de coleta

A CETESB faz a seleção dos pontos de coleta em conjunto com a Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar – DDTHA, do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE/CCD/SES-SP) e Companhias de Saneamento do estado de São Paulo (Sabesp, Sanasa, SAAE, GS Inima Ambient).

  • CVE/CCD/SES-SP: apoio na definição das populações-alvo, especialmente na seleção das regiões com risco elevado de reintrodução, devido à baixa cobertura vacinal ou pela concentração de migrantes e refugiados provenientes de áreas endêmicas.
  • Companhias de Saneamento: possuem informações sobre a rede de coleta de esgoto ligada às populações-alvo, e conseguem selecionar potenciais pontos de coleta para uma amostragem representativa. Algumas companhias de saneamento são responsáveis pela coleta de amostras nas Estações de Tratamento de Esgoto.

Nos aeroportos internacionais, para definição dos pontos de coleta, a CETESB conta com o apoio da ANVISA e das empresas responsáveis pelo tratamento dos esgotos provenientes das aeronaves e sanitários destinados aos passageiros. No caso da rodoviária, a seleção do ponto de coleta deve incluir os sanitários dos viajantes, e é realizada em conjunto com a empresa gestora do terminal. No caso do Terminal Rodoviário Tietê, trata-se da empresa SOCICAM.

Amostragem em poço de visita da SABESP com fluxo de esgoto

Atividade de amostragem

A atividade de amostragem do programa de Vigilância Ambiental é realizada pelo Laboratório da Divisão de Amostragem do Departamento de Análises Ambientais e Laboratórios de Campinas, Cubatão, Taubaté e Ribeirão Preto do Departamento de Laboratórios Descentralizados.

Critérios para seleção dos pontos de coleta

Uma vez selecionadas as populações-alvo (em risco de reintrodução, emergência ou transmissão), alguns aspectos importantes devem ser considerados para a definição dos pontos de coleta:

  • A população-alvo deve ter aproximadamente entre 100.000 e 300.000 indivíduos (uma população muito grande pode diluir os poliovírus dos excretores abaixo do limite de detecção; uma população muito pequena pode não ser detectada ou atrasar a detecção da circulação).
  • Dar preferência a redes de esgoto fechadas e convergentes como pontos à montante de estações de tratamento de esgoto, estações elevatórias de esgoto, emissários submarinos e poços de visita.
  • Selecionar canais abertos de esgoto ou rios somente quando não há rede de coleta de esgoto, mas é importante o mapeamento completo da drenagem das áreas residuais.
  • Avaliar se o fluxo de esgoto é constante.
  • Evitar pontos de coleta que recebam contribuição de compostos tóxicos capazes de reduzir a sobrevivência dos poliovírus.
  • Selecionar pontos considerando a acessibilidade do local de coleta. No caso de poços de visita, evitar vias públicas muito movimentadas.

Avaliar a logística de transporte das amostras, considerando o prazo de validade das amostras.

Amostragem na Estação de Precondicionamento de Esgoto da SABESP
Amostragem na Estação Elevatória de Esgoto da SABESP São Sebastião SP
Amostragem na Estação Elevatória de Esgoto no Aeroporto Internacional de São Paulo Guarulhos SP

Princípios da amostragem e recomendações

  • O cronograma de coleta deve ser específico para cada local, considerando os custos e recursos disponíveis, assim como a capacidade laboratorial.
  • Devem-se comunicar antecipadamente os interessados e envolvidos na etapa de amostragem e análise das amostras.
  • O horário considerado ideal para coleta são as primeiras horas da manhã, quando ocorre o pico de uso do banheiro, ou seja, das 6:30h às 8:30h. No entanto, deve-se considerar a distância do ponto de amostragem até a população-alvo para estimar o horário do pico do fluxo.
  • A frequência de amostragem mínima recomendada é mensal para locais de rotina ou permanentes. A decisão de aumentar a frequência deve considerar o aumento potencial da sensibilidade de detecção e capacidade laboratorial.
  • A amostragem pode ser simples ou composta. Idealmente, recomenda-se que seja composta por 24 horas de hora em hora, mas pode ser inviável para alguns pontos de coleta.
  • Quando a população amostrada é muito pequena, pode-se considerar compor 2 amostras simples de dois locais diferentes próximos.
  • Recomenda-se que cada novo ponto de coleta passe por um período de validação para análise de desempenho de 6 a 12 meses antes da inclusão na rede permanente. O indicador de desempenho principal consiste na taxa de isolamento de enterovírus, que deve ser de no mínimo 50%.
  • Recomenda-se coletar o volume mínimo de 1 litro de amostra que deve ser transportada em caixa térmica com gelo e mantida refrigerada (faixa de 2 a 8 °C) até o processamento, idealmente em até 48 horas. Caso não seja possível cumprir o prazo, recomenda-se armazenar a amostra a -20 °C e encaminhá-las congeladas.

Pontos de coleta de esgoto vigentes no estado de São Paulo para realização de monitoramento ambiental do poliovírus

Referências

Field guidance for the implementation of environmental surveillance for poliovirus. WHO, 2023.

Guia nacional de coleta e preservação de amostras: água, sedimento, comunidades aquáticas e efluentes líquidos / Companhia Ambiental do Estado de São Paulo; Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico ; Organizadores: Renan Lourenço de O. Silva … [et al.] . – 2. ed. – São Paulo : CETESB ; Brasília: ANA, 2023. 456 p. : il.