Um assunto tem tomado conta dos noticiários no último mês: o aumento do frio. A cidade de São Paulo registrou temperaturas abaixo de 10 graus centígrados, o que não ocorria, em um final de outono e início de inverno, desde 1989.
A mudança no clima pode afetar os municípios de várias formas, em especial, as áreas costeiras, que são sujeitas a erosão. Para Andrea Santos, secretária executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), um grande desafio é adaptar as cidades brasileiras a esses eventos. “Promover o debate sobre o tema é uma maneira de engajar a sociedade”, completa.
No Brasil, 56% dos desastres naturais estão associados a chuvas, enchentes e desmoronamentos, resultados de um crescimento urbano não planejado. José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), diz que incluir nos planos diretores municipais ações que minimizem os impactos causados pelos desastres climáticos é primordial.
A participação humana no aquecimento global e nas mudanças climáticas está comprovada, então a sua cooperação nas soluções dos problemas é uma necessidade crescente. “A comunidade deve mudar os seus hábitos. Começar a incluir na rotina o compartilhamento dos bens de consumo e de espaço, como o carro e o escritório, assim como a reciclagem”, salienta Suzana Kahn, do comitê cientifico do PBMC.
O workshop: ‘As mudanças climáticas e as cidades brasileiras – riscos e medidas de respostas’ foi promovido pelo PBMC e contou com o apoio da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Carlos Roberto dos Santos, diretor de Engenharia e Qualidade Ambiental, ressaltou que “a questão climática deixou de ser uma tese e a realidade enfrentada pelas cidades necessita de ações imediatas”. A Cetesb, como agência ambiental do Estado, acompanha o tema e colabora com pesquisas e trabalhos desde 1995. “Um olhar crítico seguido de ações planejadas para o desenvolvimento das cidades é fundamental para conter as crises climáticas”, frisa Josilene Ferrer, gerente da Divisão de Mudanças Climáticas.
Os pesquisadores presentes chegaram ao consenso de que um desenvolvimento ordenado, um crescimento urbano planejado e decisões de governo que levem em conta novas tecnologias e pesquisas sobre o tema são importantes para minimizar os impactos negativos advindos dos desastres climáticos.