O uso intensivo de agrotóxicos na agricultura pode comprometer seriamente a qualidade dos recursos hídricos, impactando o ecossistema aquático e a saúde humana
A Cetesb reuniu na terça-feira (12/12), especialistas da área ambiental, sanitária e toxicológica de instituições de pesquisas, da área acadêmica e de órgãos públicos ligados à agricultura e saúde, para apresentar os resultados de seu projeto de Diagnóstico da Contaminação de Águas Superficiais, Subterrâneas e Sedimentos por Agrotóxicos, que tem por objetivo investigar a presença desses contaminantes orgânicos em águas e sedimentos no Estado de São Paulo.
Segundo Maria Inês Zanoli Sato, gerente do Departamento de Análises Ambientais da Cetesb, que coordenou o estudo, “o uso intensivo de agrotóxicos na agricultura pode comprometer seriamente a qualidade dos recursos hídricos, impactando o ecossistema aquático e a saúde humana”, uma vez que essa água pode ser utilizada para abastecimento público, irrigação, recreação, preservação da vida aquática entre outros usos.
A Cetesb realiza monitoramento de agrotóxicos na rede de qualidade de águas desde 2002, para sedimento, e 2011, para água, porém com uma abrangência limitada e com rodízio de pontos de coleta. Levando-se em conta que o Estado de São Paulo é o maior produtor nacional de cana-de-açúcar e cítricos, além de grande produtor de cereais, leguminosas e oleaginosas, portanto, sendo o maior consumidor de agrotóxicos do país, os técnicos da Cetesb entendem que deve ser definida uma melhor estratégia para o monitoramento desses insumos agrícolas que afetam os recursos hídricos superficiais e subterrâneos no território paulista.
O projeto, denominado CORHI-123, está sendo financiado parte com recursos próprios da Cetesb e a maior parte com recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO). Com esses recursos, da ordem de R$ 1,2 milhão, foi possível adquirir um cromatógrafo líquido com detector de espectrometria de massa (LCMSMS) e montar um laboratório para detecção de agrotóxicos na unidade laboratorial da Cetesb de Marília, região de vocação agrícola, ampliando a capacidade de diagnósticos de agrotóxicos utilizados na lavoura.
“Apesar da dificuldade do entendimento da dinâmica desses compostos no ambiente, os resultados obtidos trouxeram contribuições importantes para a elaboração de estratégias mais adequadas para o monitoramento desses compostos nos recursos hídricos”, ressaltou a química Maria Inês Sato.
O seminário técnico foi aberto pelo diretor de Engenharia e Qualidade Ambiental da Cetesb, Eduardo Serpa e pelo diretor de Gestão Corporativa, Waldir Agnello, no ato representando o presidente Carlos Roberto, e contou com representantes da Faculdade de Saúde Pública da USP, do Centro de Vigilância Sanitária do Estado, da UNICAMP, EMBRAPA e das áreas de toxicologia, de análises ambientais e de águas da Cetesb.