O Setor de Hidrologia e Interpretação de Dados da Diretoria de Tecnologia, Qualidade e Avaliação Ambiental vai passar a utilizar um novo equipamento para a medição de vazão de rios, denominado Perfilador Acústico de Correntes por Efeito Doppler – ADCP, que permitirá avaliar com precisão, em pouco mais de dez minutos, a velocidade das águas e a geometria da calha de um corpo d’água, fornecendo os dados necessários para o cálculo da vazão.

O equipamento produzirá dados fundamentais para a compreensão do comportamento dos rios paulistas, atendendo às necessidades, tanto das áreas de fiscalização e licenciamento, como das que desenvolvem estudos sobre a qualidade das águas.

O gerente do setor, engenheiro Luís Altivo C. Alvim, especialista em gestão e tecnologias ambientais, explica que haverá um grande ganho de produtividade. Atualmente, esse trabalho é realizado com um equipamento denominado molinete, utilizado há décadas, que consiste de uma hélice que, ao girar, mede a velocidade das águas e de um cabo com um peso em sua extremidade que, lançado no rio, permite medir a profundidade num determinado ponto.

Esse procedimento precisa ser repetido em pequenos intervalos de uma margem à outra de um rio, o que demanda quase duas horas de trabalho. Depois, os dados anotados em campo precisam ser digitados em planilha eletrônica para, então, se obter a vazão do rio.

Com o ADCP, instalado em um barco, as medições são instantâneas e podem ser visualizadas na tela de um “notebook”. Como o próprio nome sugere, o equipamento baseia-se no princípio da acústica, como o sonar de um submarino ou o som em alta frequência emitido por um morcego.

“O perfilador emite pulsos acústicos de alta frequência, de 1,5 megahertz, que vão se refletir nas partículas em suspensão na massa líquida e no fundo do canal de um rio”, explica Altivo. O tempo decorrido entre a emissão do som e o seu retorno, permitirá avaliar a profundidade da calha naquele ponto. A repetição desse procedimento inúmeras vezes durante a travessia do barco de uma margem à outra, desenhará na tela do computador a geometria exata da calha do corpo d’água.

Segundo o técnico, o equipamento fornece, instantaneamente, dados sobre a velocidade das águas, que varia conforme o ponto da travessia, sendo normalmente mais intensa no eixo central do rio. O técnico Waldemar Arrabal Rodrigues lembra que o ADCP pode ser acoplado a um aparelho de GPS, permitindo registrar a localização geográfica exata das medições.

O equipamento foi utilizado, em 19.08, no Rio Piracicaba, em uma atividade de treinamento dos sete técnicos do Setor de Hidrologia. Além de Altivo e Waldemar, encontravam-se o Miguel Monteiro, Valter Ferreira, Leandro Costa, Claudio Riveros e Edimar Vieira, que colocaram o equipamento na água pela primeira vez.

O medidor de vazão, que demandou um investimento de R$ 90 mil, pode ser utilizado em rios com profundidades de meio a até 25 metros. Com esse recurso, o Setor de Hidrologia e Interpretação de Dados passará a desenvolver trabalhos de medição de vazão com mais rapidez e precisão, subsidiando outras atividades como a elaboração de diagramas unifilares, estudos onde são levantados todos os lançamentos, captações e vazões em pontos estratégicos dos corpos d´água.

O setor é, ainda, responsável por outras atividades, como o cálculo de vazões críticas, sendo a mais conhecida a vazão mínima em sete dias consecutivos, considerando período de recorrência de dez anos, denominada Q7,10. “Este dado é muito utilizado no licenciamento de fontes poluidoras”, explica o gerente da área. Além disso, o setor coordena e participa da operação da rede automática de monitoramento da qualidade das águas, com treze estações na bacia do Tietê e principais mananciais da RMSP.

Texto
Newton Miura
Fotografia
Pedro Calado/ Setor de Hidrologia e Interpretação de Dados