Você está visualizando atualmente Debate expõe acertos e desafios do setor energético durante e pós-pandemia

Participaram representantes do setor público e privado de São Paulo e do Brasil

Um debate virtual, transmitido pela plataforma Zoom, na noite de terça-feira (07/07), reuniu representantes dos setores público e privado de São Paulo e do Brasil e expôs os acertos e desafios da área de energia durante e pós-pandemia. A organização da webinar foi do GCSM – Global Council of Sales Marketing, cujo presidente, Agostinho Turbian, apresentou o encontro, ao lado de Arnoldo Wald Filho, do Wald Advogados, com a mediação do ex-governador Geraldo Alckmin, que ressaltou avanços do Estado de São Paulo na área de energia e a importância do Programa Nascentes, criado em 2015, que permitiu o plantio de mais de 38 milhões de mudas de nativas da Mata Atlântica.

Como convidados, participaram Wilson Ferreira Jr., presidente da Eletrobras; Fábio Zanfelice, presidente da Votorantin Energia e do Conselho da CESP; Patrícia Iglecias, presidente da CETESB e Marcio Rea, presidente da EMAE.

Alckmin iniciou o debate questionando sobre como a pandemia impactou as empresas e os desafios pela frente, abrangendo tópicos como investimentos, privatizações, suprimentos de energia com a retomada das atividades e valorização de energia limpa.

Wilson Ferreira Jr., da Eletrobras – Centrais Elétricas Brasileiras S.A., que está sob controle acionário do Governo Federal e atua como uma “holding” na geração, transmissão e distribuição de energia, observou que se encontra há quatro anos a frente da gestão da empresa e que nesse tempo foi efetivada uma grande reestruturação, que possibilitou o enfrentamento do atual momento com êxito.

Ele disse que, durante a pandemia, a empresa, que tem mais de 12 mil empregados, tem atuado com 4.500 presencialmente e o restante, em teletrabalho. Informou que a Eletrobras é responsável por 30% da capacidade instalada no país e quase 50% da transmissão, e que o Brasil tem 88% de sua matriz composta de energia limpa e renovável. Ele citou esses dados para explicar que, no período da pandemia, a empresa elevou aqueles 30% para quase 42% da capacidade instalada, mostrando que a Companhia se preparou e está enfrentando os desafios com disposição e sucesso.

Fábio Zanfelice, da CESP – Cia. Energética de São Paulo, que atua na geração e comercialização de energia em território paulista e que teve seu processo de privatização iniciado em 2018, sendo atualmente controlada por uma “joint venture” formada pelo Grupo Votorantim e pelo Canada Pension Plan Investiment Board (CPPIB), por sua vez, reconheceu que a disseminação do Covid-19 é um evento sem precedentes, para enfatizar que os desafios foram grandes, porém exitosos.

Informou que a Votorantim tem 28 usinas elétricas e atende 340 clientes no Mercado Livre de energia (no qual os consumidores compram diretamente dos produtores) e a principal preocupação inicial se deu com o bem-estar e a saúde das pessoas. Segundo ele, muitos foram trabalhar em “home office” e, nas usinas, houve um trabalho intenso para garantir o distanciamento social e efetivar as medidas de segurança, e o suprimento de energia elétrica se deu satisfatoriamente, além de, por meio de negociações bilaterais e amigáveis, ter se conseguido aliviar as pressões para a maioria dos clientes, principalmente em abril e maio, meses mais críticos.

Inovação e eficiência

A diretora-presidente da CETESB, Patrícia Iglecias, lembrou que a maioria dos 1.700 colaboradores da Companhia está em “home office” e que as decisões tiveram que ser tomadas muito rapidamente, incluindo algumas deliberações difíceis, como a suspensão da verificação da balneabilidade das praias. Ela observou que essa decisão objetivou proteger a saúde dos funcionários que trabalham nessa área, sendo que muitos têm mais de 60 anos de idade, além de considerar, ainda, o aspecto de que a ida às praias deve ser evitada. Destacou que, até o momento, não foi sentida uma diminuição dos pedidos de licenciamento e que a produtividade até aumentou, sendo que neste ano, o prazo para concessão de Licença de Operação tem sido em média de apenas 31 dias.

Quanto ao futuro, a dirigente da Companhia vê uma tendência de retomada “mais verde”, a partir da verificação de que os próprios investidores têm cobrado uma posição empresarial com a devida importância à sustentabilidade, baseada no equilíbrio entre os componentes ambientais, sociais e econômicos. “A segurança energética pode ser melhorada com o aumento de oferta interna no Estado de São Paulo, por meio da diversificação da matriz, com fontes renováveis. Temos percebido o crescimento da demanda por licenciamento de geração de energia como usinas fotovoltaicas, unidades de recuperação de energia, usinas termelétricas à gás natural”, ressaltou. Também reforçou a importância da Resolução SIMA 29/2020, que estabeleceu novas linhas de corte para licenciamento com impacto, aqueles que exigem Estudos Prévios de Impacto Ambiental ou Estudo Ambiental Simplificado.

Informou que, recentemente, foi licenciada uma grande usina de biogás, em Caieiras, com potencial de geração de 29,5 megawatts, a partir da queima de biometano, o que equivale ao fornecimento de energia elétrica para uma cidade com 300 mil habitantes. E também que se nota uma crescente demanda por licenças para empreendimentos de energia fotovoltaica, sendo que as licenças para usinas, em 2019 e 2020, representam um potencial de 512 megawatts, com potência já instalada de 220 megawatts.

Já Márcio Rea, presidente da EMAE – Empresa Metropolitana de Águas e Energia Elétrica disse que a empresa vem atuando eficazmente, com 970 colaboradores trabalhando em “home office” e outros em campo, para os quais todas as medidas de proteção foram tomadas, incluindo disponibilização de máscaras e até acompanhamento psicológico para os familiares.

Conforme Rea, a adesão da EMAE ao regime de cotas estabelecido pela Medida Provisória n. 578/2012 foi positiva. Isso porque a garantia física da Usina Henry Borden, com as restrições, passou a ser de apenas 127MW médios. Assim, a sua receita de geração ficaria muito reduzida não fosse a adesão. Além disso, os equipamentos da usina estavam ultrapassados e, com a cotização, a empresa passou a receber uma receita adicional, denominada GAG Melhoria, o que permitiu a atualização do parque gerador por meio da substituição de equipamentos de baixa eficiência por novos com tecnologia de ponta.