Sob a temática “Energia em transição” aconteceu, em 31/08, o 9º Fórum LIDE de Energia – edição 2021, transmitido virtualmente e dividido em três painéis.

O ano de 2021 foi atípico quanto ao clima. O hemisfério sul enfrentou temperaturas baixas e o norte um calor próximo dos 50 graus. Em função da atualidade do tema um dos painéis de maior interesse no 9º Fórum LIDE de Energia – edição 2021, foi o que tratava dos Impactos da Energia nas Mudanças Climáticas.

Patrícia Iglecias, diretora – presidente da CETESB, foi uma das especialistas a ter voz no painel e teceu comentários sobre o licenciamento de grandes empreendimentos de energia, hidrelétricas, usinas fotovoltaicas, etanol e CDRs – combustíveis derivados de resíduos sólidos.

Segundo a diretora, “o consumo de energia é a maior fonte antrópica das emissões de gases de efeito estufa ou 73% das emissões mundiais”. Esse consumo inclui transporte, eletricidade e geração de calor, fabricação e construção, emissões fugitivas e outras queimas de combustível.

Quanto ao setor de energia, especificamente, conforme dados de 2016, a geração de calor e eletricidade é responsável por 30% do total de emissões de gases de efeito estufa o que equivale a 15 giga toneladas de CO2 equivalente.

O Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa, atualizado em 2016, apontou o setor de energia como responsável por 46% das emissões totais de dióxido de carbono e o setor de transporte por 22,9% das emissões nacionais de CO2.

Nesse sentido, a CETESB definiu 32 ramos da economia sujeitos a inventariar suas emissões de GEE e entregar as informações, anualmente, à Companhia. “Com isso, a agência ambiental reúne dados sobre as emissões de GEE, que são, posteriormente, utilizados nas análises de licenciamento, especialmente, de grandes empreendimentos de energia”.

No Brasil, a maior parte da energia elétrica é gerada em usinas hidrelétricas, fonte renovável e com baixas emissões de gases de efeito estufa, se comparadas com os combustíveis fósseis. A maioria das hidrelétricas em São Paulo é licenciada ou licenciável na CETESB, com exceção das emitidas pelo IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.

Os novos licenciamentos incluem principalmente Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs e Centrais Geradoras Hidrelétricas – CGHs, visto que o potencial para UHEs já é bem explorado no estado.

Quanto às usinas fotovoltaicas, o Brasil é um dos países com o maior potencial de geração de energia solar. De acordo com a presidente, dados da ABSOLAR, em 2020, a “fonte fotovoltaica movimentou mais de R$ 13 bilhões de negócios e gerou 86 mil novos empregos em todo território brasileiro”.

“A CETESB está preparada para analisar e licenciar as novas plantas para geração solar, para que essa expansão venha a acontecer dentro das diretrizes do desenvolvimento sustentável do estado”, considera Patrícia.

“Os principais ganhos ambientais das usinas fotovoltaicas referem-se à implantação e operação sem impactos ambientais significativos, já que envolvem a baixa supressão de vegetação, movimentação de terra pouco expressiva, pouca ou nenhuma interferência com fauna e recursos hídricos, e geração de energia renovável e não poluente”, segundo Patrícia Iglecias.

Sobre o etanol, a diretora-presidente comentou ser “uma excelente alternativa à utilização de combustíveis fósseis”, razão pela qual seu uso gera evidente redução na emissão de carbono. As emissões evitadas resultantes da adição de etanol à gasolina pura e a opção do etanol como combustível principal são expressivas. Podem ocorrer reduções entre 70% e 90% das emissões de CO2 da atmosfera, quando são utilizados veículos movidos a etanol, em comparação com emitido pela gasolina. Comparando-se com o automóvel a diesel, essa redução equivale a 68%. Além disso, o benefício para a redução da poluição do ar também é expressivo.

Por último, ressaltou o Acordo Ambiental SP, lançado em 2019, e que conta hoje com aproximadamente 600 empresas e associações paulistas, num esforço de redução voluntária de gases de efeito estufa.

“Eu acredito no trabalho conjunto, em mostrar que o órgão público não está estanque, mas que busca soluções e alternativas com empreendedores e com a academia, em prol de um desenvolvimento sustentável que garanta qualidade de vida para a nossa e as futuras gerações”, finalizou Patrícia Iglecias.

 

Texto: Cris Leite
Printes: Pedro Calado