Encontro é uma iniciativa do Fórum dos Químicos da Companhia

O dia amanheceu chuvoso, cinza. Dentro do auditório Augusto Ruschi, da Cetesb, a imagem era outra, bucólica: dois violeiros, o químico e funcionário Mateus Sales, acompanhado do musicista Sidiney Oliveira, encantavam uma seleta plateia, formada por químicos, comemorando os 150 anos de nascimento de Marie Curie, que ocorre em 07/11.
A iniciativa do encontro nasceu do Fórum dos Químicos da Cetesb, grupo que surgiu em 2011, em razão do Ano Internacional da Química. “Homenagear Marie Curie, que é uma heroína na história da química, é celebrar suas pesquisas e descobertas no ramo da radioatividade, mas também, o seu espírito de superação dos preconceitos e dificuldades impostas a uma mulher cientista no final do século XIX”, frisa Francisco Jorge Ferreira, gerente do setor de química inorgânica.
O diretor de Engenharia e Qualidade Ambiental, Eduardo Luis Serpa, prestigiou a abertura da comemoração, e em nome do presidente e de toda diretoria da Companhia saudou os químicos e sua homenageada.
Os presentes desfrutaram, também, de uma palestra inspirada na vida de Marie Curie, proferida pelos químicos Claudio Alonso Darwin, Patrícia Trentin e Francisco Jorge Ferreira.
Depois da palestra os inscritos no inicio do evento participaram de um sorteio de peças em biscuit, telas e porta-retrato, confeccionados pela química Paula Marche.
O final do encontro foi festejado no hall do anfiteatro com fatias de bolo, receita exclusiva da química Eleine Bostelmann, oferecidas aos presentes.

Marie Curie

Em 7 de novembro de 1867, em Varsóvia, na Polônia, nasceu Marie Salomea Skiodowska, a menina que o mundo mais tarde conheceria como Madame Marie Curie, primeira pessoa e única mulher a ganhar o Prêmio Nobel duas vezes.

Em 1903, juntamente com seu marido Pierre Curie, foi laureada com o Nobel de Física, em reconhecimento às investigações sobre os fenômenos da radiação. Em 1911, recebeu seu segundo Nobel, dessa vez em Química, pela descoberta dos elementos rádio e polônio.

Historicamente, conseguir um lugar de renome na ciência, na arte ou em qualquer outro saber sempre foi muito difícil para as mulheres. Relegadas ao papel de esposas, mães ou amantes, as mulheres ainda hoje lutam por condições de trabalho iguais ao dos homens, como salários, ou mesmo por direitos como o de ir à escola, dirigir ou votar.

Há mais de cem anos, a jovem Marie enfrentava as dificuldades de viver e sobreviver em um cenário dominado por homens. Filha de professores, foi proibida de seguir sua educação acadêmica, por ser mulher. Estudou clandestinamente e por conta. Mudou-se para França, onde pôde prosseguir seus estudos de física, matemática e química na Universidade de Paris.

Com uma vida dedicada à ciência, obteve seu reconhecimento ainda em vida. Além dos dois prêmios Nobel, foi professora da Universidade Sorbonne e membro associado livre da Academia de Medicina de Paris. Em 1924, foi homenageada por Alfred Schoep, cientista belga, que nomeou um mineral então recentemente descoberto de sklodowskita.

Morreu em 1934, vítima de leucemia, resultado provável de sua constante exposição à radiação. Em 1995, os restos mortais de Madame Curie foram transladados para o Panteão de Paris. Marie Curie foi a primeira mulher a ter seu corpo abrigado no local destinado aos grandes homens, a exemplo de Voltaire, Rosseau, Victor Hugo, como reconhecimento da pátria.

Esta data, 7 de novembro, comemora não apenas os 150 anos de nascimento da extraordinária cientista, mas o exemplo de mulher, que contrariando expectativas, soube lutar por ideias e ideais.

Texto: Cris Couto/Cris Leite
Fotos: José Jorge
Fonte: https://canaltech.com.br/internet/mulheres-historicas-marie-curie-e-seus-dois-premios-nobel-em-fisica-e-quimica-75081/