O chancelar à época da Eco-92 no Rio de Janeiro, membro da delegação brasileira na Conferência Rio+10 na África do Sul e atual presidente do Conselho de Relações Internacionais do Estado de São Paulo, entre outras funções de destaque ocupadas no cenário nacional e internacional, Celso Lafer, também professor da Faculdade de Direito da USP, ministrou a aula magna do curso “Meio Ambiente, Relações Internacionais e a Crise Climática: 50 Anos da Conferência de Estocolmo – 1972 a 2022”, em 02/05.
O curso é promovido pela CETESB, com duração até junho próximo, e em homenagem à Conferência de Estocolmo, ocorrida entre maio e junho de 1972, na capital sueca, marcada como o primeiro grande evento mundial da ONU – Organização das Nações Unidas para discutir questões ambientais de maneira global.
Conforme a programação do curso, o objetivo é discutir os principais desafios na agenda ambiental nas últimas cinco décadas e, para isso, conta com a participação de um grupo de professores notórios em suas áreas de atuação – confira notícia de 16/03/2022 no site da CETESB -.
A aula magna ministrada por Celso Lafer teve a mediação da diretora-presidente da CETESB, Patrícia Iglecias, e de sua assessora e secretária-executiva da Câmara Ambiental de Mudanças Climáticas, Josilene Ferrer.
A diretora-presidente da agência ambiental paulista lembrou que a CETESB não poderia deixar passar uma data tão importante “sem que houvesse a comemoração, mas também, um momento de reflexão, sobre o quanto avançamos na área ambiental, durante os últimos anos e em especial, dado o nosso histórico e a situação ambiental do Brasil, no contexto atual, como nós devemos trabalhar daqui pra frente, o que se espera do nosso país e, de forma geral, também, de cada um de nós”.
“Então, nós temos neste curso, mais de 100 pessoas inscritas, dos mais diversos estados do nosso país, sendo que muitos são membros do Acordo Ambiental São Paulo, que foi formulado em 2019, na ideia de que os governos subnacionais têm um papel importante a desempenhar, no que diz respeito ao Acordo de Paris”, ressaltou a dirigente.
“Vulnerabilidade crítica”
Celso Lafer falou sobre a “vulnerabilidade crítica da natureza”. Citando filósofos como os alemães Hannah Arendt e Hans Jonas, e o próprio relatório de 2021 da ONU, com relação à agenda ambiental, afirmou que “a intensidade da intervenção na natureza, pela ação humana, propiciada pelos instrumentos e implementos dos conhecimentos, teve como um dos seus desdobramentos a percepção da sua vulnerabilidade crítica.
Falou, também, sobre as novas dimensões da responsabilidade, a importância da Conferência de Estocolmo em termos de tomada de consciência e do legado que deixou, e das dificuldades, no plano internacional, do enfrentamento dos desafios diplomáticos. Comentou, ainda, sobre os preparativos, bastidores e desafios da condução da Rio 92.
A presidente da CETESB, ao final da aula magna, observou o recente encontro na Escócia, a Conferência de Glasgow – COP 26 – , onde se percebeu um protagonismo dos governos subnacionais: “ficou muito claro, não só no caso de São Paulo, com a divulgação dos resultados do Acordo Ambiental SP, mas também pelo fato de que muitos outros estados acabaram tendo que se manifestar”.
Patrícia Iglecias recordou que em 2015, em evento da ONU, quando ela representou os governos subnacionais em nível mundial, o então secretário-geral da ONU Ban Ki-moon enfatizou, referente à agenda da sustentabilidade, que “nós vamos ganhar, ou perder, no âmbito local, no âmbito das cidades, tendo em vista que é exatamente onde nós estamos conectados com as pessoas e com a possibilidade de eventuais mudanças”.
O curso, que ocorre até o mês de junho, conta com a coordenação técnica de Patrícia Iglecias e Josilene Ticianelli Vannuzini Ferrer.
Texto: Mário Senaga
Revisão: Cristina Couto
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