Como todos devem saber, a vida na Terra só é possível graças à presença do elemento água, que recobre cerca de 70% da superfície do planeta, além de compor mais de 70% do corpo humano. Por ser essencial à vida, em 22 de março de 1992, a ONU – Organização das Nações Unidas instituiu o Dia Mundial da Água.
Na Cetesb, a Rede Básica de monitoramento da qualidade da água foi iniciada na década de 1970. “Temos a missão de informar a qualidade atual dos corpos hídricos paulistas para a sociedade. Os dados do monitoramento fornecem subsídios para estudos e discussões da melhoria da qualidade da água e equilíbrio ecológico, garantindo os usos múltiplos desse recurso tão importante”, explicou a gerente do setor de Águas Interiores, Beatriz Durazzo Ruiz.
Mão na massa
Na linha de frente do trabalho de monitoramento estão os profissionais da divisão de Amostragem e dos Laboratórios Descentralizados, responsáveis pela coleta de amostras de água para análise. Um deles é o técnico ambiental, Venício Pedro Ribeiro, que iniciou as atividades de campo em 1984, embora atue na Companhia desde 1976.
Há tantos anos nessa atividade, Ribeiro coleciona aventuras, como quando realizava coleta na região do Emissário de Santos e se deparou com uma baleia próxima à embarcação. “Foi um belo susto.”
Responsável por gerenciar a divisão de Amostragem, Renan Lourenço de Oliveira Silva relatou que a etapa de coleta é de fundamental importância para se obter resultados analíticos confiáveis, uma vez que a representatividade de uma amostra depende de diversos fatores.
“Dentre eles estão frasco, preservação, equipamento, procedimento de coleta e de transporte das amostras. É uma atividade imprescindível para o diagnóstico e monitoramento ambiental.” A divisão também é responsável pela recepção de todas as amostras que chegam para análises no departamento de Análises Ambientais.
Trabalho de ponta
‘Orgulho’ é a palavra que define a satisfação pelo trabalho de excelência desenvolvido pelos 104 profissionais do departamento de Análises Ambientais que estão sob sua gerência, disse Maria Inês Zanoli Sato. “Nosso trabalho vai além do diagnóstico da qualidade da água para atendimento às regulamentações vigentes e suporte às ações de controle da Companhia. Atuamos ativamente na implementação de ferramentas analíticas de ponta para o diagnóstico de poluentes emergentes e reemergentes, como poluentes orgânicos persistentes, fármacos, hormônios, vírus e parasitas patogênicos.”
Segundo ela, a área também fornece dados diferenciados no monitoramento e diagnóstico da qualidade ambiental, tornando as respostas da Companhia mais efetivas frente aos novos desafios de contaminação do meio ambiente. “Esse trabalho potencializa o papel pioneiro da CETESB como Agência Ambiental de referência Nacional e para a Região da América Latina e Caribe”, completou.
No interior
A gerente do departamento de Laboratórios Descentralizados, Lygia Ribeiro Ferreira, coordena 78 empregados distribuídos em equipes que fazem coletas de amostras, ensaios físico-químicos e microbiológicos nos laboratórios de Cubatão, Marília, Ribeirão Preto, Sorocaba, Limeira, Campinas e Taubaté. Esse time monitora a qualidade das águas superficiais, subterrâneas e costeiras.
Segundo ela, o trabalho é essencial para a gestão dos recursos hídricos visando o enquadramento dos cursos d’água de acordo com a legislação. “Colaboramos com o fornecimento de um produto de qualidade, a água, para toda a população, independentemente de classe social ou local a que se destina.”
Avanços
À frente da divisão de Análises Hidrobiológicas, Marta Condé Lamparelli afirmou que, além do desafio de manter o sistema de qualidade e a acreditação pelo INMETRO, os diferentes laboratórios têm uma rotina pesada realizando só para a rede de monitoramento das águas mais de 100 mil determinações a cada ano. “Longe de ser uma atividade monótona, a equipe busca aperfeiçoar as técnicas analíticas e implantar novas metodologias para incluir outras variáveis e abordagens no monitoramento.”
Transparência
As Redes de Monitoramento de Qualidade das Águas da Companhia são mantidas e operadas pela divisão de Qualidade das Águas e do Solo, sob coordenação de Fábio Netto Moreno. A divisão concentra os setores de Águas Interiores, Águas Subterrâneas e do Solo, Águas Litorâneas e Hidrologia.
O monitoramento executado pela CETESB permite avaliar a evolução temporal da qualidade e sua conformidade com a legislação ambiental. O trabalho subsidia o licenciamento ambiental, orienta programas de controle da poluição das águas em trechos críticos e mantém a população informada sobre a qualidade das águas brutas no Estado.
“Nosso monitoramento é estratégico para o Estado, pois permite avaliar a qualidade das águas para os múltiplos usos a que se destinam, o que inclui a proteção das comunidades aquáticas, o abastecimento para consumo humano, a irrigação de frutas e vegetais, a aquicultura, bem como as atividades de pesca e de recreação de contato primário e secundário”, detalhou Fábio Moreno.
O comprometimento do pessoal é exaltado pela gerente do departamento de Qualidade Ambiental, Maria Helena Martins. “É muito gratificante trabalhar com equipe tão profissional e capacitada. São 38 profissionais que estão sempre muito envolvidos.”
Na prática
O assistente executivo da diretoria de Engenharia e Qualidade Ambiental, Nelson Menegon Junior explicou que nas 519 estações manuais, o técnico de coleta precisa se deslocar até o local de amostragem e realizar a coleta de água com o auxílio de corda e balde. Sendo que em alguns pontos é necessário utilizar embarcações.
Segundo ele, as amostras são preservadas em geladeiras térmicas até a sua entrada nos laboratórios. Após a execução das análises, os resultados são inseridos no sistema de laboratório Autolab, onde ficam disponíveis para o tratamento estatístico e cálculo dos índices de qualidade pelo setor competente.
“Já nas 18 estações automáticas, existe uma sonda multiparâmetro, que fica imersa no corpo hídrico, pendurada por cabos de aço. Essa sonda é responsável por realizar as medições dos parâmetros, cujos resultados ficam armazenados em um datalogger – dispositivo eletrônico que monitora e registra dados em tempo real ao longo do tempo -. Existe, ainda, um sistema de transmissão desses dados por telefonia celular ou por internet, para uma central que fica na sede da Companhia”, detalhou Nelson Menegon. Esses dados ficam disponíveis à sociedade por meio da página da CETESB na internet.
O gerente do setor de Hidrologia, Luís Altivo Carvalho Alvim, destaca que a Rede Automática de Monitoramento da Qualidade das Águas está fazendo 25 anos e conta com 19 estações automáticas em operação nas bacias dos rios Tietê, Paraíba do Sul, Piracicaba, Jundiaí e Sorocaba.
“Equipamentos de última geração medem Oxigênio Dissolvido, pH, Temperatura, Condutividade Elétrica e Turbidez das águas de rios e reservatórios 24h por dia. Esses dados permitem acompanhar a qualidade das águas brutas em pontos estratégicos, como captações para abastecimento público. Além disso, permitem ações rápidas por parte da CETESB em casos de descargas irregulares de efluentes, mortandade de peixes e acidentes ambientais”, explicou.
Apoio
Para dar retaguarda à realização de todas essas ações a empresa conta com a divisão de Programas e Projetos de Qualidade Ambiental, que coordena os setores de Desenvolvimento e Acompanhamento de Projetos e de Programas e Ações Institucionais, “Fornecemos apoio técnico e administrativo em programas e projetos voltados à melhoria da qualidade ambiental. Gerenciamos, do ponto de vista administrativo, os projetos que recebem financiamento do FEHIDRO”, contou a gerente, Lilian Barrella Peres.
Sua área também apoia e executa projetos para melhoria de diagnósticos e divulgação de informações das redes de monitoramento, contando para isso com o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas, tais como modelos matemáticos e sistemas informatizados, dentre os quais o INFOÁGUAS, voltados para a gestão e planejamento de recursos hídricos.
Números da Rede
Em 2022 as redes de monitoramento contabilizaram os seguintes números:
Rede Básica de Águas Interiores: 519 pontos de coleta manual, distribuídos em 22 bacias hidrográficas, com frequência trimestral. São realizadas análises de campo e de laboratório para aproximadamente 50 parâmetros físicos, químicos e biológicos.
Rede Automática – 19 estações de monitoramento, com registro das medições a cada 5 minutos, dos parâmetros temperatura, pH, condutividade, turbidez e oxigênio dissolvido.
Rede de Águas Costeiras – 64 pontos
Rede de Qualidade de Águas Subterrâneas – 321 pontos
Rede Quali/Quanti de Águas Subterrâneas- 63 pontos
Rede de Balneabilidade das Praias – 174 pontos
Texto: Cris Olivette
Revisão: Cristina Couto
Fotografia: José Jorge