Em tempos de descrença geral por um avanço concreto nas negociações a serem empreendidas na COP-16, a Convenção do Clima que se realiza desde ontem em Cancún, no México, o Governo do Estado de São Paulo dá um exemplo positivo, com a apresentação, em 30.11, do “1º Inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE) do Estado de São Paulo: Emissões de 2005”. O evento aconteceu no auditório da sede da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SMA, na capital, com o apoio da Embaixada Britânica e do Programa Estadual de Mudanças Climáticas – Proclima.
Os especialistas da CETESB, João Wagner Alves; da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, Magda Aparecida de Lima; da Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologias Espaciais – Funcate, Clotilde Ferri; da empresa Ciclo Ambiental, Marcos Cunha; da Petrobras, Ronny Potolski; da Associação Brasileira da Indústria Química – Abiquim, Obdulio Fanti; e do Instituto Mauá de Tecnologia, Roberto Peixoto, fizeram a exposição do resumo do inventário estadual e dos cinco grandes setores enfocados, seguindo a classificação utilizada pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC, de acordo com a origem das emissões: energia; processos industriais; uso da terra, mudança no uso da terra e florestas; agropecuária; e resíduos.
Os documentos estão previamente disponibilizados para consulta pública, no site da CETESB, desde o dia 22 de outubro último, após um período de elaboração de três anos, que contou com a participação de instituições especializadas nos setores inventariados e a coordenação do Proclima e da SMA. Com a consulta pública, prevista no decreto estadual que regulamentou o inventário, instituído pela Política Estadual de Mudanças Climáticas – PEMC, os mais diversos especialistas e interessados podem dar suas contribuições ao documento final. A consulta pública estará aberta, pelo menos, até o dia 31 de dezembro de 2010.
De acordo com Josilene Ferrer, secretária-executiva do Proclima, o Inventário Estadual é resultado de uma iniciativa inédita no Brasil de elaboração de um amplo e detalhado diagnóstico das emissões de gases de efeito estufa do Estado de São Paulo no período de 1990 a 2008, e servirá de base para se atingir as metas de redução de emissão de gás carbônico (CO2), até 2020, em todos os setores – de 20% dos níveis de 2005 – , estabelecidas pela Lei Estadual 13.798/2009. Seus dados serão disponibilizados na página da CETESB.
Conforme o Resumo do Inventário Estadual de GEE apresentado hoje, os setores de Energia e de Agropecuária são os grandes responsáveis pelas emissões de todos os GEE, tendo por base o ano referência de 2005, com 57,2% e 21,3%, respectivamente, de contribuição. O setor da Indústria aparece com 14,7% e o de Resíduos, com 6,7%, cada. Já o setor de Uso da terra, Mudança no uso da terra e Florestas é responsável pelo sequestro de 3,9 milhões de toneladas de CO2. O total de emissões de todos os GEE é de 139,8 milhões de toneladas de CO2 equivalente (com base no potencial de aquecimento global – Global Warming Potential, ou GWP).
Se forem consideradas apenas as emissões de CO2 (gás carbônico), que é o gás de efeito estufa que serve como referência na Lei Estadual de Mudanças Climáticas, e segundo o qual estão estabelecidas as metas de redução, o setor de Energia responde por 84,7%, a Indústria por 13,7% e a Agropecuária por 1,6%. As emissões dos outros setores são inferiores. O total de emissões de CO2 é de 92,8 milhões de toneladas. E considerando-se somente as emissões de metano, o setor de Agropecuária é responsável por 62,4% e o de Resíduos, por 35%.
Consulte aqui o Resumo do inventário.
Texto: Mário Senaga
Fotografia José Jorge