Dados mostram que 25% das praias do litoral paulista apresentaram classificação Ótima ou Boa.

Conforme dados do ano de 2020, 25% das praias do Litoral Paulista apresentaram classificação Ótima ou Boa, isto é, praias que permaneceram Próprias em 100% do tempo, embora o número de semanas utilizadas para estimar a classificação tenha sido menor do que o utilizado normalmente, devido à pandemia.

Deve-se esclarecer que em 2020, em razão da pandemia, e do Plano São Paulo, que restringiu as atividades nas praias, o monitoramento da qualidade das praias foi suspenso temporariamente, entre os meses de março e julho. Depois disso, foi sendo retomado, gradativamente, até abranger todas as praias, em dezembro.

Os municípios de Ubatuba, no Litoral Norte, e de Bertioga, na Baixada Santista, foram os que apresentaram maior número de praias classificadas como Próprias durante todo o período avaliado.

Estas informações foram alguns dos destaques do evento online de lançamento do Relatório de Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo 2020, em 15/06, com as presenças da diretora-presidente da CETESB, Patrícia Iglecias; do diretor de Engenharia e Qualidade Ambiental, Carlos Roberto dos Santos; e da gerente do Setor de Águas Litorâneas, Cláudia Lamparelli. O evento foi transmitido, e pode ser conferido, pelos canais oficiais da CETESB no youtube.com/cetesboficial e facebook.com/cetesbsp.

Para a diretora-presidente, o Relatório Anual de Balneabilidade das Praias do Estado de São Paulo, desenvolvido pela CETESB, é um trabalho técnico, com conhecimento específico e com dados científicos seguros. O objetivo é avaliar a qualidade das águas das praias litorâneas paulista; as amostragens são realizadas em 174 pontos, em 157 praias, nos 15 municípios do litoral, incluindo sete praias na Ilha de Anchieta.

O programa de balneabilidade tem ainda o objetivo de prestar serviço à população: “É olhar para a saúde das pessoas que frequentam as praias litorâneas e para àquelas que visitam o nosso Estado. Nesse sentido, a CETESB cumpre a sua função social, que é prestar contas à sociedade”. Destacou, Patrícia Iglecias.

Segundo Carlos Roberto dos Santos, o trabalho de balneabilidade envolve uma grande quantidade de profissionais da CETESB, altamente qualificados, sendo realizado desde os anos 1970, e os laboratórios da Companhia, onde são feitas as análises, são acreditados internacionalmente e a quantidade de dados que são compilados, são capazes de traçar o perfil dessas praias. “Hoje, está mais fácil consultar se as praias que estão Próprias para o banho, podem ser pelo aplicativo, site, app, via móvel”, enfatizou.

Restrição ao turismo e investimentos em saneamento

A apresentação do Relatório de Qualidade das Praias Litorâneas ficou a cargo de Cláudia Lamparelli, responsável pelo programa de balneabilidade.

Conforme ela, as médias das concentrações de enterococos (bactérias fecais) na água do mar, obtidas em 2020, continuam indicando menor nível de poluição fecal nas praias do Litoral Norte, quando comparadas com as da Baixada Santista.

“Destaca-se o fato de que as praias dos municípios de Santos e de São Vicente apresentaram médias anuais de enterococos expressivamente menores em 2020. Essa redução deve estar associada ao menor afluxo de turistas à Baixada Santista em 2020, devido às restrições impostas pela pandemia, e possivelmente aos investimentos em saneamento realizados pela SABESP nesses municípios”, ponderou.

Para a especialista, não se pode deixar de considerar os efeitos das chuvas volumosas, que tendem a se sobrepor aos efeitos positivos da melhoria na infraestrutura de saneamento, podendo prejudicar consideravelmente a qualidade da água do mar.

“Desta forma, os picos de praias Impróprias se deram nos meses de fevereiro e março e, posteriormente, nos meses de setembro e outubro, coincidindo com alguns maiores volumes de chuva. Novembro e dezembro mostraram números bem baixos de praias Impróprias principalmente na Baixada Santista, o que não seria esperado para essa época do ano”, pontuou.

Ela também destacou que a infraestrutura de saneamento básico consiste num parâmetro de fundamental importância no controle da poluição fecal, uma vez que a ampliação da coleta e do tratamento dos esgotos dos municípios litorâneos reflete positivamente nas condições de balneabilidade. As condições de balneabilidade das praias de São Paulo estão relacionadas diretamente com as condições sanitárias dos municípios, população fixa, afluxo de turistas (população flutuante) além das condições climáticas, entre outros aspectos.

Trabalho começou nos anos 1970

A balneabilidade das praias teve início na década de 1970; com o objetivo principal de avaliar a qualidade da água para o banho de mar visando a proteção da saúde pública.

São colhidas amostras de água do mar semanalmente, e mensalmente apenas em algumas praias menos frequentadas, mas que já passam por um processo de urbanização.

Essas amostras são encaminhadas aos laboratórios da CETESB, onde são submetidas a análises microbiológicas para a determinação da densidade de enterococos (bactéria fecal de origem fecal) utilizada como indicador.

Como são classificadas

Segundo os critérios estabelecidos na Resolução Conama nº 274/2000, vigente desde janeiro de 2001, as praias são classificadas em relação à balneabilidade, em duas categorias: Própria e Imprópria. Sendo que a primeira reúne três categorias distintas: Excelente, Muito Boa e Satisfatória.

A praia classificada como Imprópria indica o comprometimento da qualidade sanitária das águas implicando no aumento do risco à saúde do banhista, sendo desaconselhável sua utilização pata o banho.

Essa classificação é feita de acordo com as densidades de bactérias fecais resultantes de análises feitas em cinco semanas consecutivas. A legislação prevê o uso de três indicadores microbiológicos de poluição fecal: coliformes termotolerantes (anteriormente denominados coliformes fecais), E. coli e enterococos. A CETESB adota a densidade de Enterococos para águas marinhas.

Se esta for superior a 100 UFC/100 mL, em duas ou mais amostras de um conjunto de cinco semanas, ou apresentar valores superiores a 400 UFC/100 mL na última amostragem, a praia é considerada Imprópria.

Divulgação semanal

Semanalmente, é emitido um boletim contendo a classificação das praias quanto à sua qualidade em termos de balneabilidade, o qual é divulgado através da imprensa e distribuído para diversos órgãos e entidades, podendo também ser acessados por aplicativo e site da CETESB na internet.

Anualmente, esses dados semanais são processados e analisados, para serem publicados na forma do Relatório Anual de Qualidade das Praias Litorâneas do Estado de São Paulo.

Texto: Rosely Ferreira
Printes: Pedro Calado
Programação visual da matéria no site: Kissy Harumi.