O Ministério da Saúde Pública e Bem Estar Social do Paraguai, por intermédio da Organização Pan Americana de Saúde, contatou a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB para execução de análises das águas do Lago Ypacaraí. A solicitação ocorreu em virtude do aparecimento de uma floração de cianobactéria – também conhecida como alga azul.

O “mítico lago” é um dos mais famosos pontos turísticos do Paraguai, imortalizado em prosa e poesia. Localidade muito procurada para veraneio, pelos Paraguaios e populações vizinhas, que tem as suas margens a “Vila Veranista” de San Bernardino e fica distante, aproximadamente, 50 km da Capital Assunção. Suas águas, além de utilizadas para recreação, são uma fonte de abastecimento para a cidade de San Bernardino.

Em 20 de setembro último, três amostras das águas do lago Ypacaraí deram entrada nos laboratórios da CETESB, com o apoio do Setor de Amostragem – ELCA. A coleta foi realizada pelos técnicos da Direção Geral de Saúde Ambiental – DIGESA do Paraguai, nas áreas do lago utilizadas pelos veranistas, duas amostras, e na saída da estação de tratamento, uma coleta.

As amostras foram encaminhadas para o Setor de Comunidades Aquáticas da Companhia, onde foi procedida a identificação e contagem de cianobactérias. O resultado final confirmou uma proliferação potencialmente tóxica denominada Cylindrospermopsis raciborskii, com resultados superiores a 1.000.000 células/mililitro.

Foram encaminhadas, também, amostras para o Setor de Microbiologia e Parasitologia, que confirmou a presença de saxitoxina, uma cianotoxina neurotóxica, nas três amostras. Não existem padrões para essas toxinas em águas utilizadas para recreação, mas na água tratada estavam presentes em concentração inferiores ao estabelecido na legislação brasileira para consumo humano – Portaria 2914 do Ministério da Saúde.

Por outro lado esses resultados requerem a adoção de medidas de alerta para a comunidade, no sentido de evitar o contato com a água, enquanto persistir a floração. É necessária uma adequação do processo de tratamento da água do lago para garantir a remoção das cianobactérias e cianotoxinas encontradas.
Dois representantes da DIGESA, o Engenheiro Químico Gustavo J. González Benitez, Diretor dos Laboratórios, e a Química Porfíria Ramona Narváez, Chefe do Departamento de Análises Especializadas, estiveram na CETESB e foram recebidos por representantes da Diretoria de Engenharia e Qualidade Ambiental, do Departamento de Cooperação Internacional e da Presidência da Companhia. Os especialistas Paraguaios puderam acompanhar todo o processo de análise das amostras e discutir com os técnicos da CETESB sobre o problema da eutrofização do lago.

A oportunidade foi importante, também, para troca de informações entre os especialistas Paraguaios e os técnicos da CETESB. Abriu-se a oportunidade de capacitação de técnicos da DIGESA nos cursos oferecidos pela Companhia Ambiental.

Para Maria Inês Sato, Gerente do Departamento de Análises Ambientais, o fato confirma o reconhecimento da CETESB como órgão de referência internacional e a sua disposição de colaborar com outros países em questões envolvendo emergências ambientais.
Ao final das análises, uma Informação Técnica sobre os resultados obtidos, bem como recomendações para o fato ocorrido, foi encaminhada ao Ministério da Saúde e ao Escritório da OPAS no Paraguai.

Texto: Cristina Couto