Essas reações são particularmente intensas nas nuvens estratosférica que se formam acima da Antártica na noite extremamente fria do inverno no hemisfério sul. Reações que ocorrem na superfície de partículas de gelo entre as nuvens liberam cloro e bromo em formas ativas que se acumulam ao longo do inverno. Quando o sol surge na primavera as nuvens se desfazem e liberam cloro e bromo ativos que rapidamente destruem o ozônio. O resultado é o “buraco de ozônio”, uma área de agudo declínio das concentrações de ozônio sobre a maior parte da Antártica por cerca de dois meses, durante a primavera do hemisfério sul.

A ar estratosférico acima do Ártico é geralmente mais quente e menos confinado do que sobre a Antártica, e menos nuvens se formam ali. A destruição de ozônio no Ártico é portanto menos grave, embora nos últimos anos ela tenha se provado pior do que o esperado. A destruição de ozônio polar é acelerada pela circulação atmosférica, que leva o CFC na estratosfera dos trópicos para ambos os pólos.

Observações das concentrações de ozônio estratosférico desde os anos 70 confirmaram a evidência de destruição de ozônio, com variações sazonais. Desde 1979 as concentrações de ozônio caíram cerca de 4% por década nas latitudes médias (30° – 60°) tanto no hemisfério sul quanto no hemisfério norte. As perdas são maiores durante o inverno e a primavera. Na primavera de 1995 as concentrações de ozônio estratosférico sobre a Europa eram 10 a 12% menores do que no meio da década de 70, e 5 a 10% menores sobre a América do Norte, embora às vezes chegasse a 20% em alguns lugares. (Os trópicos (20°N – 20°S) experimentaram perdas de ozônio menores, ou mesmo nenhuma perda.) As intensidades de UV-B cresceram correspondentemente; no período de 1992-1993 houve os primeiros exemplos relatados de aumentos persistentes sobre regiões densamente povoadas no hemisfério norte. Em 1992 no sul da América do Sul a radiação UV-B dobrou, após uma queda de 50% no ozônio, uma vez que a área de destruição de ozônio em torno do pólo sul sofreu rotação, atingindo a ponta do continente.

Os buracos de ozônio antárticos de 1992 e 1993 foram os mais graves registrados, sendo que o ozônio desapareceu completamente em altitudes de 14 a 19 km em outubro de 1992 e 1993. Acredita-se que partículas da erupção vulcânica do Pinatubo em 1991 tenham acelerado a destruição do ozônio.

Figura 2.7 - Tendência Global de Ozônio sobre 60° Sul - 60°Norte de 1979 a 1984. Relatório da Comissão de Avaliação Científica do UNEP (1994)
Figura 2.7 – Tendência Global de Ozônio sobre 60° Sul – 60°Norte de 1979 a 1984.
Relatório da Comissão de Avaliação Científica do UNEP (1994)

O buraco de ozônio de 1995, embora não fosse nem o mais profundo nem o maior registrado, foi o mais duradouro. Ele cobriu uma área maior que 10 milhões de km2 (quase o equivalente à área superficial da Europa) por 77 dias, comparados a 63 dias em 1993 e apenas 25 dias em 1985; ele cobriu mais de 20 milhões de km2 em 39 dias.As perdas de ozônio sobre o Ártico foram menores, com uma perda total de cerca de 10 a 20 % em comparação a 1979. O inverno ártico de 1994-1995, entretanto, foi excepcionalmente frio, e as concentrações de ozônio sobre a Grã-Bretanha, por exemplo, caíram em quase 50% na primeira semana de março, o mais baixo registro sobre o Reino Unido. Esta ocorrência inesperada de baixas temperaturas de inverno na estratosfera podem ser elas próprias causadas pela destruição cumulativa de ozônio, ou possivelmente pela mudança climática; em qualquer um dos casos as perdas de ozônio sobre o hemisfério norte podem ser mais graves no futuro próximo do que o previsto.

2. O “buraco” na Camada

Atualizado em março de 2020