Está no ar o site www.prosabmicrobiologia.org.br, da Rede PROSAB Microbiologia para o Saneamento Básico. A Rede, da qual o Laboratório de Microbiologia e Parasitologia do Departamento de Análises Ambientais, da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB faz parte desde 2007, nasceu de uma iniciativa do Programa Prosab, da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP, do Ministério da Ciência e Tecnologia, para viabilizar um sistema de treinamento em protocolos de relevância para a microbiologia do saneamento básico.

O lançamento da página eletrônica ocorreu no dia 18 de junho, na sede da CETESB, em São Paulo, ao final da reunião da Rede de Laboratórios Nacionais de Microbiologia Aplicada ao Saneamento Ambiental – LNMSA. Integram essa Rede especialistas das universidades de São Paulo (USP) e de São Carlos (UFSCar), das universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ), de Minas Gerais (UFMG) e do Pará (UFPA), além da CETESB.
Para o lançamento da Rede, foram convidados representantes de empresas estaduais de Saneamento (SAPESP, COPASA e SANEPAR), Secretaria Estadual e Ministério da Saúde e outras universidades.

Segundo Maria Inês Zanoli Sato, gerente do Departamento de Análises Ambientais da CETESB e vice-coordenadora do grupo, a reunião da LNMSA teve como objetivo principal a ampliação e sustentabilidade da rede de laboratórios de referência em microbiologia e saneamento ambiental. Maria Inês também lembrou que o início da Rede PROSAB Microbiologia para o Saneamento Básico, foi viabilizado no final de 2007 com recursos de R$ 2 milhões e que “foram convidados, a princípio, sete laboratórios de destaque no cenário nacional, na área de microbiologia sanitária e ambiental, por sua competência técnica, conhecimento sólido nesse campo e importante papel na capacidade de formar recursos humanos”. Esse projeto foi inicialmente idealizado pela Dra. Rosana Vazoller, atualmente no Instituto Samuel Gurgel Branco, e Dra. Célia Maria Poppe de Figueiredo, da FINEP.

Cada laboratório elaborou um projeto tendo como pano de fundo o estabelecimento de protocolos analíticos específicos dentro de suas especialidades, o que formaria o arcabouço da rede ou o seu núcleo central. Ao laboratório de Microbiologia e Parasitologia da CETESB, coube o projeto “Risco Microbiológico Associado à Água de Reúso e Lodo de Esgoto: Subsídios para a Regulamentação de Critérios Microbiológicos”. Os projetos propostos devem ser encerrados neste mês de junho e estão todos praticamente finalizados com uma porcentagem elevada de atendimento das metas estabelecidas. “Os resultados obtidos foram significativos e o grande ganho foi o aprendizado e amadurecimento do grupo na dinâmica do trabalho em rede. A produção do grupo foi elevada, o que pode ser visualizado no site da rede”, afirma.

Outro produto importante disponível no site são os cursos que serão oferecidos pela rede tanto na forma presencial como à distância. A idéia é garantir a execução desses cursos de treinamento nos protocolos-alvo do programa de forma descentralizada e contínua, garantindo um elevado padrão de qualidade de execução dos mesmos pelo pessoal dos laboratórios externos treinado pela rede. Já foram atendidos, em um primeiro momento, mais de 100 profissionais de Instituições ligadas aos Projetos PROSAB e a empresas de saneamento. Esse já foi o primeiro passo de difusão do conhecimento da rede.

Para o prof. René Peter Schneider, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e coordenador da Rede, o grupo se tornou um ponto de partida importante para a difusão do uso correto de protocolos de microbiologia para saneamento básico, tanto para pesquisas quanto para monitoramento de rotina. Ele saiu otimista da reunião realizada na sede da CETESB, “porque mostrou o aumento do interesse no trabalho desenvolvido pela Rede, tanto pelas empresas de saneamento como pelos órgãos de normatização (saúde) e pelos pesquisadores (universidades)”. Ele frisou que o encontro também serviu para discutir estratégias de continuidade da Rede: “Ao contrário dos projetos que estão sendo concluídos nesta primeira fase, a Rede precisa continuar. Hoje, recebemos muitas sugestões, nesse sentido, e estaremos avaliando”.

Com o que concorda o prof. Rafael Kopschivtz Xavier Bastos, da Universidade Federal de Viçosa, que juntamente com a Dra. Rosana Vazoller, atuou como consultor da FINEP no acompanhamento dos projetos da Rede. “A Rede cumpriu um papel importante nesses dois anos, no desenvolvimento ou aperfeiçoamento dos protocolos analíticos de monitoramento de matrizes ambientais e processos de tratamento de águas e águas residuárias, e resíduos sólidos. Outro ponto positivo foi a formação de uma rede em si, que proporcionou aos especialistas trabalharem de forma cooperativa e sinérgica. E agora o desafio é buscar sustentabilidade para a Rede”, concluiu.

Conforme Maria Inês, com o término dos recursos financeiros obtidos na Encomenda MCT / FINEP, a Rede está iniciando “um processo árduo da busca de sua sustentabilidade e ampliação. As iniciativas locais são mais difíceis, pois a rede tem uma amplitude federal, sendo de sua importância para as regiões norte, nordeste e centro-oeste, mais carentes em laboratórios mais específicos na área de saneamento ambiental”.

Texto
Mário Senaga
Fotografia
José Jorge